Quando se perde uma Paixão

Um novo lar...

- Por favor Lucas, me dá mais uns dias. Ainda não achei o apartamento. - choramingo, quase suplicando a ele.

- Não Lorena, trato é trato. A semana já acabou, e eu quero me mudar 'pra ontem' pro apartamento.

Oh céus!!! E agora?!

- Só mais uns dias, Lucas, por favooor!!! Só até conseguir me instalar. - Meu desespero já ultrapassa os limites.

Já estava implorando aos céus que o Lucas fosse sensato e me desse mais uma chance para continuar a procura do meu apê.

- Já disse que NÃO!!!- sua voz saiu ríspida e clara, totalmente sem emoção. Pude ouvir uma risada nojenta daquela 'bruaca' cantando vitória mais uma vez.

- Foda-se, maldito!!!! Bato o telefone com o ódio instalado no peito, dirigindo-me apressada até o terraço do prédio para tentar acalmar os ânimos. Estava louca de raiva e por isso precisava me distrair, só assim poderia pensar direito! Não poderia sucumbir outra vez, não mais! Já havia prometido a mim mesma que não voltaria a ser aquela menina emotiva e frágil que era por estar apaixonada por aquele cretino. Pensei em ligar pra minha mãe, e contar tudo a ela, há muito que não tinha contato com ela e do mesmo modo, não lhe dava notícias, e vice-versa.

Sei também que o fato de ela não me ligar significava apenas que não tinha tempo para isso, pois juntamente com meus avós, ambos tinham muito trabalho em manter o CAPA - Centro de Assistência e Proteção às Crianças, uma ong fundada por meus avós para manter e cuidar de crianças abandonadas. O trabalho realizado ali era belíssimo e exigia muito de minha família e desde que me mudei para o Rio de Janeiro, perdi quase todo o contato com eles, que moram em "Floripa."

Pensei em discar o número de minha mãe, porém desisti no segundo seguinte. Seria melhor não conta-la nada do que estava acontecendo: ela ficaria extremamente preocupada.. e outra: se eu lhe contasse o ocorrido, ela simplesmente me diria: "eu te avisei!!" O que me deixaria bastante chateada, não pelo seu sermão e sim por, no fim das contas, ela estar certa.

Minha mãe nunca gostou do Lucas e sempre foi contra o nosso namoro, eu contudo, lutei contra tudo e contra todos para ficar com ele.

Saio de meu devaneio e tomo minha decisão: O jeito é ligar para Sabrina e pedir um lugar para ficar.

Pego meu celular e disco o número dela. Não demora muito e ouço sua voz do outro lado da linha:

- Boa noite flor! O que te aflige? - Sabrina parece ser minha irmã gêmea separada pela genética. Ela simplesmente sente quando eu estou em apuros.

- Amiga, o convite ainda está de pé?! - solto um suspiro com as lágrimas já ameaçando caírem.

- O cretino já aprontou?! Ah, mas eu pego ele e aquela... "Thais Crotta" X{ - sorrio do comentário dela.

- Obrigada amiga!

Depois de desligar o telefone, respiro fundo e me sento no chão do terraço. . . Fico ali por alguns minutos, olhando as estrelas e pensando no rumo que a minha vida tomou. Os minutos se passam e eu resolvo agir: volto ao apartamento e começo a colocar uma quantidade de minhas roupas que caiba na mala e todos os meus outros pertences... além de meu violão que há muito não pegava e minha máquina de costura , que ganhei e presente de minha avó, em meu último aniversário. Terminado de recolher minhas roupas do armário, encontro a caixa de recordações na prateleira mais alta do guarda-roupa. Pego e abro, retirando de lá um álbum de fotografias: fotos do meu casamento.

Olho com tristeza para as fotos, lembrando do momento mais feliz da minha vida. Apesar de não ter sido na igreja, me contentei em ter uma cerimônia simples, me casando apenas no civil e dando uma festa somente aos amigos mais chegados da família, afinal, essa foi a única maneira de ter o consentimento de minha mãe e de meus avós, pois como são muito católicos, acreditam no Sacramento do Matrimônio, e sendo assim, a igreja não permite que uma pessoa se case mais de uma vez. Nisso eu também acredito, cresci num lar altamente religioso e sempre assumi a minha fé católica, mas quando conheci o Lucas pensei ser pra vida toda.