Matilha Villanueva - Para Sempre Meu

Capítulo Dez - Passado - Parte III - Veneno

—Wendigos são Ômegas que perderam suas mentes. Criaturas que não sabem fazer nada mais além de matar e matar. Eles sentem fome. Uma fome insaciável, que jamais será morta. Só param de matar quando são destruídos. E pra conseguir isso não é fácil. Somente com uma bala de prata ou estaca de prata, diretamente no coração. Após isso, o caçador deve desmembrá-lo e queimar as partes separadamente. As cinzas devem ser enterradas em solo sagrado e jamais deve-se mexer nelas novamente. Se ele conseguir retornar, voltará para caçar aqueles que o mataram e então matará com o dobro de vontade, pois estará precisando recompor o corpo que perdera. Wendigos caçam durante algum tempo, em meio às florestas e matas. Eles comem suas vítimas, nas primeiras caçadas e depois começam coletar partes delas. Estocá-las em seu ninho.

—É o que ele está fazendo então? – perguntou Diego – Matando a fome. Para depois então começar colher partes das pessoas?

—Sim. Está matando sua vontade comendo crianças. Só então os ataques contra os adultos começarão. Ele escolhe partes das vítimas para por em si próprio e depois estoca o que restou para comer no decorrer dos anos que ficará afastado. Esses anos são o tempo de hibernação dele. Dorme durante vinte e três anos e então quando desperta faz a sua carnificina. Ele não dorme enquanto está na época de caça. Ele fica na espreita, observando. E então caça de noite.

—Como você sabe tanto sobre isso, Pablo? – Diego estava ainda diante de Pablo, ouvindo a explicação do rapaz.

—Guadalupe, a senhora que me criou como neto dela. Ela me preparou, Diego. Eu tive todo o ensinamento que um Ômega deve ter. E ela me deixou avisada sobre isso. Que quando um Ômega perde sua mente, ele pode se transformar numa besta amaldiçoada. – o rapaz abaixou o olhar, parecendo distante – Me explicou o que acontece para alguém com poder de proteger o que ama, se voltar contra tudo que acredita. Eu sou o único que poderá caçá-lo. Então terei de entrar na floresta com vocês. Mas aviso, ele vai me sentir e as coisas ficarão muito tensas. Pois ele sabe que eu vou rastreá-lo e guiar vocês até o seu ninho...

—Ele vai querer te destruir...

—Possivelmente. – o rapaz se ergueu, se aproximando do Alfa – Eu sei me defender. Não se preocupe, pois não ficarei no seu caminho.

—Pablo...

O rapaz tocou colocou o dedo indicador nos lábios de Diego. O maior o encarou, vendo o sorriso doce do outro.

—Não precisa tentar se explicar. Já entendi o recado que me deu no bar, Diego. Não vou ser uma pedra no seu caminho. Eu vou ajudá-lo, como você fez comigo, quando eu tinha quatro anos. E ajudar meu irmão a não precisar dever nada pra você. Assim todos os lados sairão felizes. – o rapaz aproximou-se um pouco mais. E ficando na ponta dos pés, tocou os lábios de Diego, beijando-os de leve – Mesmo assim, eu gostei de conhecê-lo e saber que você é um homem justo, que preza pelo seu povo.

Ele acariciou o rosto do menor, tocando sua testa contra a de Pablo.

—Pablo, eu gostaria que você calasse a boca por alguns minutos e me deixasse falar. – Diego o pegou pelas coxas, erguendo-o. Isso pegou o menor de surpresa, fazendo-o soltar um grunhido. Virou-se rapidamente, o colocando sentado sobre sua mesa. O Alfa o puxou para si, grudando seu corpo ao do Lobo Branco, que laçou as pernas nas coxas grossas de Diego e prendendo os braços na volta do pescoço do Alfa – Eu disse que você seria um bônus naquela noite, não de forma machista ou preconceituosa. Mas que era uma surpresa que em meio ao caos que estou vivendo, tenha encontrado o meu companheiro. E que ainda por cima eu ajudei a salvar quando ele ainda era uma criança e nem ao menos fazia ideia disso. – ele acariciou o rosto do rapaz, sorrindo de leve – E não me ajudou ver que você estava de flerte com aquele cara. Eu senti ciúmes, mesmo sem te conhecer. Eu o ataquei da maneira que pude. Só não esperava que você saísse com ele, né...