Capítulo Sete - Atrito

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Pablo abriu os olhos, sem saber o local em que estava. Permaneceu algum tempo esperando seus olhos se acostumarem com o breu, mas nada mudara, continuando em plena escuridão.

Nem mesmo seus olhos de lobo conseguiam ver algo.

Estranho.

—Alguém? – chamou o rapaz, erguendo-se um pouco. Sentiu então uma dor alucinante no tornozelo, fazendo-o soltar um berro e voltando para a posição em que estava. Sentindo o pânico se instalando dentro de si, tentou respirar várias vezes, na tentativa de se acalmar e entender o que estava acontecendo.

O rapaz tornou-se a se erguer, agora tomando o cuidado de não mover a perna ferida. Sentiu a parede fria contra suas costas e só então percebeu o quão frio aquele lugar era.

—Diego... – ele sussurrou, sentindo o pânico voltando à tona, enquanto a realidade começava a cair sobre ele. Pablo, após alguns minutos havia se dado conta de que lugar era aquele.

Ele só não sabia como havia chegado ali.

—Vejo que você acordou...

O Lobo Branco virou-se, no momento em que ouviu a voz profunda chamá-lo.

—Você... – ele sussurrou – Não, isso é um sonho. Você está morto!

—Será mesmo? – perguntou, aproximando-se.

O lugar ficou um pouco mais claro e Pablo percebeu que estava em uma cela. A cela que ele conhecia perfeitamente. O que causou mais pânico ainda.

Ele fechou os olhos, respirando fundo.

"Respire, Pablo. Isso é um pesadelo. Acorde!"

—Não é um pesadelo, Pablo. É a sua realidade. – o homem aproximou-se agachando diante do rapaz.

Pablo arregalou os olhos, tentando se esquivar do homem que sorria para ele.

—Não... – ele sussurrou, apertando os olhos e os mantendo fechados – Não!

—Olhe para mim, Lobinho. – Pablo não se moveu. O homem pegou o rosto do rapaz, fazendo-o encará-lo – Eu ordenei que você olhasse pra mim!

O rapaz o encarou, encarando os olhos claros do homem.

—Diego...

—Sim. – Diego sorriu – Por que está com medo de mim?

—Por que não é o meu Diego...

—E quem disse que algum dia eu fui seu, Pablinho?

Pablo sentiu as lágrimas escorrerem pelo seu rosto, quando o homem o soltou e ergueu-se.

—Você lembra disso aqui? – o homem se virou para uma mesa. Ergueu uma seringa, preparando o líquido e colocando na mesma.

—Não! Para! Por favor, Diego! – suplicou o outro, que ignorando a dor no tornozelo ensanguentado, tentava se arrastar para longe.

—Não doerá nada, Pablo. Prometo isso. Pelo contrário, você sentirá alívio da dor... – Diego sorriu, agachando-se diante do rapaz, que agora estava completamente aterrorizado.

—Diego! – ele berrou.

Antes que sentisse a agulha ser cravada em seu pescoço, Pablo sentiu-se sendo sacudido.

—Calma, estou aqui. – sussurrou Diego, quando Pablo abriu os olhos – Foi só um pesadelo, Pablo.

O rapaz olhou para os lados percebendo estar deitado em sua cama, na Fazenda. Era dia e pela cor cinzenta das nuvens, que despontava pela janela, estava chovendo.

Matilha Villanueva - Para Sempre MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora