Capítulo Dezenove - Consequências

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—Ligue para o Victor! – o homem exclamou para a mulher – Agora, Lurdes! Ou iremos morrer!

A mulher correu para o telefone.

—Jonas, o telefone está mudo... – a mulher começou entrar em pânico.

—Maldição!

Eles observaram as sombras de algo passando pela janela. Ambos retrocederam, completamente apavorados.

—Pablo, Pablo, Pablo...

—O que você está falando?! – a mulher o encarou.

—Pablo é o Ômega da Matilha, Lurdes... o único que poderá nos salvar...

Ele esperava que o Ômega recebesse os seus pedidos de socorro.

-

—Diego! – Pablo gritou, sentando-se na cama em um pulo – Diego!

O Beta adentrou ao quarto feito um furacão.

—Mais um ataque. Na casa do Jonas! Vão, vão, vão!

Ele acenou, sem esperar mais. Chris entrou no quarto, sentando na cama, e segurando na mão de Pablo, enquanto ouvia os carros partirem em direção à Casa de mais uma vítima.

Christian observou seu amigo, fechar os olhos e voltar com a cabeça ao travesseiro. Estava coberto, mesmo que não estivesse frio. Seu rosto demonstrava toda a carga que andava recebendo nas últimas duas semanas enquanto tudo aquilo estava acontecendo no Vilarejo. Palidez, olheiras profundas e a febre que não o abandonava eram o reflexo dos ataques e pedidos de socorro das pessoas que ali viviam para ele.

—Estou legal, Christian. – resmungou ele – Posso sentir suas emoções, esqueceu?

O rapaz, mesmo sem jeito, sorriu de leve.

—Desculpe, estou preocupado com você, Pablo.

—Estou recebendo a carga das pessoas, é por isso que estou indisposto. – ele resmungou, sentando-se na cama e se encostando na guarda dela – É horrível sentir o medo delas e ver essas coisas, Chris. E a única coisa que posso fazer é berrar para Victor e Diego, para que vejam se os encontram vivos ainda e neutralizar o pânico das pessoas.

—Você acha pouco, Pablo? – perguntou Chris – Acha pouco receber toda a dor, o medo e o terror que todos estão sentindo? Neutralizar, ver o que tá acontecendo, ser a sirene, o alarme que alerta quando algo de errado está ocorrendo?

—Eu queria fazer mais, Chris. Mais. – respondeu o rapaz, torcendo os dedos contra as cobertas, de forma que mostrava suas frustrações – Me sinto inútil vendo o pessoal ajudando, socorrendo, fazendo algo e eu aqui, deitado...

Pablo calou-se quando Christian colocara a ponta do dedo em seus lábios. O Ômega se surpreendeu com o sorriso sereno que surgira nos lábios do amigo. Esperava mais por uma carranca, seguida de uma mijada, mas foi justamente o contrário.

—Se você não fizesse isso, o que acha que aconteceria com as pessoas que estão sendo salvas nos últimos dias? Se não fosse você ir de casa em casa logo depois dos primeiros casos, pedindo para que o chamassem pelo nome, sempre que alguma coisa ruim acontecesse, para que você pudesse ter tempo de avisar o Victor e o Diego? O que acha que estaria acontecendo, Pablo?

O rapaz não respondeu. Ele sabia exatamente o que estaria acontecendo.

Caos.

Mortes.

Muito mais pânico do que já estava acontecendo.

Mesmo agora, em que se encontrava mais enfraquecido do que um dia ele se lembrava de estar, no seu tempo no Vilarejo, ele sabia, que se não tivesse feito isso, aberto ainda mais o canal de comunicação com os habitantes do vilarejo, tudo estaria muito pior. Ele era o único que conseguia sentir alguma coisa. Nenhum dos lobos, nenhum felino. Ninguém, Nem mesmo o Christian, que era um Ômega humano. Somente ele sentia quando alguma coisa estava para acontecer. A criatura invadia as casas na calada da noite, estraçalhando suas vítimas e partindo, sem que ninguém percebesse.

Matilha Villanueva - Para Sempre MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora