— Estou apavorado.
— Eu sei.
— O que eu vou fazer, Victor...?
— Eu não sei, Diego...
Ambos estavam na sala de Victor. Diego mirava o pátio do Casarão, apoiado na mesa de Victor, enquanto que o Alfa se mantinha ao seu lado, mirando o chão.
— É tudo minha culpa. – murmurou o loiro – Se eu não tivesse sido tão cego...
— Diego. – Victor se virou para o amigo – Olha, eu entendo o que você está sentindo, mas agora não é o momento pra tentar achar culpados. O que está feito está feito. Não adiantará você se martirizar. Pablo é forte e vai levar isso tudo...
— Não era assim que eu queria as coisas, Victor. – ele virou-se, para encarar Victor – Eu amo aquele baixinho com todas as minhas forças. Por anos eu resisti às investidas dele, Victor, cada vez que eu desejei ele, desesperadamente. Nunca foi por sentir repulsa por ele ou algo assim. Eu tive medo! Medo de perdê-lo. Medo de ver ele cair... cair mais uma vez... por minha causa.
Victor sentiu um nó na garganta ao ver o seu Beta derramar-se em lágrimas, mas manteve-se em silêncio. A rejeição de Pablo o havia derrubado, muito mais do que uma surra bem dada.
— Eu... Eu não posso perder mais ninguém. – ele sussurrou, vomitando as palavras, de forma atropelada – Eu perdi o Evan, o vi sendo morto pelo próprio companheiro. Eu vi Pablo caindo pelo o que ele teve de fazer com o Evan. Victor... eu, eu vi Pablo sendo levado e torturado, eu precisei da ajuda do meu companheiro morto para achar o outro que estava quase corrompido como ele... pela minha própria família. Sangue do meu sangue, que deveria me apoiar, deveria ser gerador de proteção e amor... Eu vi tudo isso, Victor. Como eu poderia permitir que isso pudesse acontecer novamente? Quantas noites eu despertei com os gritos de Pablo, com os pesadelos dele, pelo o que aconteceu e quando ele acordava e me via, gritava em pânico, pois quem ele via era o meu irmão e não eu... quantas vezes eu vi a dor, a mágoa que ele carrega. Sim, pelo fato de eu tê-lo recusado, mas também por eu ser a cópia do homem que fez tanto mal a ele... Como eu poderia tentar viver ao lado dele quando eu sabia que em um momento ou outro o meu passado voltaria para me cobrar o que eu fizera e que não somente ele estaria em risco, mas também tudo que tivéssemos construídos juntos...
Diego engasgou-se. Victor se aproximou, abraçando-o. Pela primeira vez em sua vida, ele viu Diego chorar como uma criança, até soluçar.
Da porta ele pode ver Pablo parado, encarando a cena. Christian do seu lado. Ele acenou ao irmão. O Ômega, entendendo o que ele queria dizer, virou-se, retornando para a sala de jogos, na qual ele estava até que Christian o arrastou para ali.
Ele ouvira tudo. E seu coração, no momento, estava apertado. Ele sabia que Diego não queria marcá-lo apenas por conta da criança que ele carregava. Pablo sentia isso, nas palavras que se sucederam após ele dizer que não queria ser marcado, mas ele não poderia dizer sim, não naquele momento. Precisava pensar, pois tudo estava correndo muito rápido e ele se sentia confuso. Mas seu coração já mostrava qual seria a sua decisão...
— Você está bem, Pablo? – Christian sentou-se ao lado do amigo, esfregando suas costas de forma carinhosa.
— Tirando o fato de que ainda estou atordoado ao ver o grandão chorar daquela forma... – além das palavras que ele ouvira ali, é claro.
— E fisicamente? – perguntou o amigo.
Pablo o encarou e sorriu. Se espichou no sofá, erguendo a blusa e tocando a barriga.
— Estou muito melhor. Agora que eu sei o que mais estava me afetando e tomando os chás e poções que a vovó está fazendo pra mim, aquela fraqueza toda diminuiu. E essa coisinha revoltada que cresce aqui está mais calma.
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Matilha Villanueva - Para Sempre Meu
FantasiPablo é o Ômega da Matilha do seu irmão de coração, o Alfa Victor Villanueva. Ele sabe qual é o seu destino e não reclama dele. Afinal, para alguma coisa ele tem de servir. Ele sabe quem é o seu companheiro e também o motivo que ele o rejeita com ta...