Capítulo Dois - Complicações

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—Socorro... – Victor ouviu o sussurro do rapaz.

Ele não pensou duas vezes ao sair do seu esconderijo, pegando o rapaz pelo braço e escondeu-se novamente.

Christian grudou-se contra o outro, quando a chuva de balas pairou sobre eles. Permaneceu com a cabeça contra o peito dele até cessar o tiroteio.

Quando o silêncio reinou, Victor deu uma espiada por cima da cabeça do rapaz. Eles estavam dando a volta. Ele decidiu dar uma olhada no garoto. Ele tremia da cabeça aos pés, mas não parecia estar ferido.

Victor não conseguia acreditar que estava abraçado ao ser que ele passou sua vida desejando. Muitos nem tinham a chance de encontrá-los... Ao pensar nisso, o rapaz trincou os dentes. Não era esta a forma que ele desejara conhecer seu companheiro. Muito menos quando tinha a certeza de que não sairia vivo disso.

—Você está bem? – perguntou bruscamente. Não conseguia conter a fúria que sentia.

Ele não respondeu. Victor olhou com mais atenção para ele. Não poderia estar errado ao pensar que ele não estava ferido. Teria sentido o cheiro do seu sangue.

Não, ele estava entrando em choque.

—Garoto? – ele deu uma sacudida no rapaz, para tentar trazê-lo de volta a realidade – Você está ferido?

—Nã... Acho... Acho que não...

—Você mora aqui perto? – perguntou ele impaciente. Precisava tirar ele dali. E rápido. Tornou a olhar para a rua. Estavam voltando.

—A... Ali... – murmurou ele olhando-o pela primeira vez.

Por um segundo, Victor perdeu-se naquele mar azul.

—Então corra para casa. – exclamou ele sacudindo a cabeça e levando-o para calçada. Olhou para a rua novamente.

—E você? – perguntou ele recobrando um pouco da razão.

—Eu me viro. – respondeu ele com impaciência. Estaria morto provavelmente. Não teria como fugir agora. Mas ele não precisava levar consigo o seu precioso companheiro – Vai!

Christian começou a caminhar rápido. Olhou para trás, sentindo o terror se apossar de seu corpo. O Pajero preto estava voltando. O rapaz já tinha se escondido na escuridão novamente, mas tinha certeza que já o haviam visto. E sabia o que lhe aconteceria se continuasse ali.

Sem pensar, voltou correndo para onde ele estava.

—O que você está fazendo aqui? – exclamou ele com raiva. Não queria correr riscos de que a criatura mais importante da sua existência fosse morta por sua causa.

—Salvando sua vida! – respondeu ele, pegando-o pela mão.

Correram pela calçada, enquanto outra rajada de balas os seguia. Os tiros cada vez mais perto, até que pararam. Christian sabia que essa era a deixa que precisava. Enquanto faziam a volta, para tentarem pegá-los, ele poderia subir as escadas de incêndio e entrar em seu apartamento, sem que soubessem em qual dos inúmeros aparts dali eles haviam entrado.

E assim o fez. O rapaz puxou o outro pela mão, enquanto subiam pela escada de serviço/incêndio de um prédio.

Ao chegar ao quarto andar, ele tirou uma chave da bolsa e abriu a porta.

Eles entraram e Christian fechou-a novamente. Ambos atiraram-se no chão, respirando com dificuldade.

—Você... está... bem? – perguntou o rapaz sem fôlego, encarando Victor que se encontrava contra o balcão, tentando respirar.

Matilha Villanueva - Para Sempre MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora