Capitulo Três - Ao Seu Lado

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Christian olhava para o teto, sem conseguir dormir. Já fazia quase uma hora que rolava de um lado para o outro, sem ter sucesso na vã tentativa de fechar os olhos e tirar de sua mente aquele par de olhos castanhos, que mantinham pequenas gotas de tons verdes.

—Céus, ele vai embora daqui algumas horas e eu não consigo tirá-lo da mente... – resmungou ao sentar-se na cama.

Embrenhou as mãos entre os cabelos, respirando fundo. Por fim, desistiu de ficar rolando e ergueu-se. Caminhou em direção à cozinha, olhando pela janela com desconfiança.

Voltou-se para o pequeno cômodo, indo em direção à geladeira. A abriu e olhou para dentro, sem saber o motivo de estar fazendo isso. Depois de alguns instantes decidiu pelo leite de morango que havia comprado mais cedo. Ao fechá-la deparou-se com Victor parado, o observando.

—Deus! – exclamou, largando a garrafa no balcão e tocando o peito – Você me assustou!

—Desculpe. – ele não parecia se sentir culpado – Pelo visto não é só eu que não consegue dormir.

—Não... – Christian foi até a pia, pegando dois copos. Retornou ao balcão, sentando-se contra ele e servindo dois copos com o leite de morango. Pegou um e indicou o outro para Victor.

O maior acenou, pegando o copo e bebendo lentamente.

—Estou pensando em cobrar minhas férias. – comentou Christian – Eu tenho algum tempo que posso cobrar quando quiser. Eles me devem. – o menor corou, antes de continuar, parecendo encabulado – E tipo, você me convidou para conhecer teu país, então...

—Poderia partir comigo. – cortou Victor. Somente essa possibilidade de levar o seu companheiro logo que partisse o deixava excitado – Eu ficaria imensamente feliz de ter você ao meu lado quando voltar para casa.

Se ele aceitasse, Victor faria tudo para ter a certeza de que Christian não saísse de seu lado.

—Você fala sério? – sussurrou o menor, ainda mais corado.

—Por que mentiria pra você, Christian? – o tom de voz de Victor não deixava dúvidas do que ele dizia.

Christian ergueu-se, caminhando-se para a sala. Victor ergueu-se, seguindo-o de perto. O rapaz parecia estranho.

—Alguma coisa errada? – ele perguntou, sem saber se tinha dito ou feito algo errado.

Christian se virou para ele, sorrindo com tristeza.

Céus, por que eu sempre faço isso. Pensou ele. Sempre que alguém se aproxima de mim eu tenho de me sentir atraído...

—Nada, Victor. – ele balançou a cabeça, se jogando no sofá – Só que eu sou um fodido azarado que se sempre fará merda.

O maior caminhou, sentando-se na mesinha de centro, diante de Christian.

—O que houve, Christian? Achei que estava feliz com a ideia de viajar comigo...

—E eu estou. Mas não sei se será uma boa ideia.

—Por que acha isso? – Victor sentiu um pavor ao ouvir aquilo. Não estava conseguindo entender o motivo do outro resolver agir daquela forma.

—Por que não quero perder sua amizade.

—Eu não estou entendendo...

Christian se aproximou, pegando as mãos de Victor e o encarando nos olhos.

—Por que eu sou gay, Victor. – murmurou – E eu estou atraído por você. Eu não quero perder sua amizade por conta dos meus sentimentos fodidos...

Matilha Villanueva - Para Sempre MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora