Capítulo Onze - Parte IV - Meu Companheiro

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Diego encostou o carro em frente ao casarão e correu para o banco do passageiro. Desprendeu Pablo e com todo cuidado o agarrou. Correu para dentro, sendo guiado até o quarto que fora preparado para receber o rapaz. Ele o colocou na cama e se afastou, vendo os curandeiros tomarem o seu lugar, para iniciarem o atendimento. O Alfa retrocedeu, até bater na parede e escorregou para o chão, sem desgrudar os olhos do menor.

—O Senhor poderá querer trocar de roupa. – um velho homem, que observava os curandeiros cuidarem do Ômega falou – Está banhado no sangue do garoto. Não vai querer que ele o veja assim quando acordar, não é?

—Não vou sair daqui, Sebastião. – respondeu ele – O garoto ali deitado é meu companheiro. Eu não sairei daqui até saber o estado que ele está.

—Vou ordenar que um dos empregados traga uma muda de roupa para você. Assim não precisará sair daqui.

Diego pulou, quando ouviu o berro desesperado do Lobo. Ergueu-se, para ver o que estavam fazendo. Estavam colocando o osso partido da perna dele no lugar. Sem se importar com os resmungos dos curandeiros, ele subiu na cama, e puxou Pablo para si, o colocando entre as suas pernas e mantendo sua cabeça contra o seu peito.

—Eu sou o companheiro do menino. Posso ceder minha energia e tentar acalmá-lo enquanto vocês tratam das feridas. – ele explicou, enquanto acariciava a cabeça do rapaz, que começava a tremer.

—Já imobilizamos a perna. – avisou a mulher que ajudava um homem a cuidar do ferimento.

—Ele não está curando, Diego. – resmungou o que tentava parar a hemorragia na lateral do corpo de Pablo – Se ele não começar a curar, sangrará até a morte.

—Que merda é essa?! – todos encararam o braço do rapaz.

Sangue preto estava escorrendo pela ferida.

—Mordida de Wendigo.

Os cinco curandeiros travaram. Eles encararam Diego, como se ele fosse o próprio Wendigo.

—Não há cura externa pra mordida de uma besta como essa, Diego... – murmurou o que olhava o ferimento no braço – O lobo se curaria somente com o seu poder, mas...

—Ele foi atingido por algo que continha ouro. E o fígado dele está gravemente ferido. Não há muito mais que possamos fazer...

—Por conta do ferimento com a estaca de ouro ele não pode se curar, não é... – Diego abraçou o rapaz com força, sentindo os olhos arderem – Estão dizendo que não tem nada que possa salvá-lo?

—Somente ele próprio... – respondeu a mulher – Mas nesse estado ele não vai conseguir... Nem mesmo um Ômega tem força pra isso...

Diego soltou um rugido animalesco, fazendo todos se afastarem. Eles entendiam a dor que ele estava sentindo, em ver seu companheiro morrendo e não poder fazer nada para salvá-lo.

—E você sabe o que vai acontecer quando o coração dele parar, não é mesmo?

Todos olharam para a porta, vendo os três anciões do bando parados os encarando.

—Ele vai se transformar naquela coisa que o atacou na floresta. – completou o outro.

—Você terá de cravar algo feito de prata no peito dele, Diego. Só assim evitará de que Pablo se transforme em um Wendigo.

—Vão para o inferno vocês três, seus malditos bastardos! – sussurrou Diego, surpreendendo a todos. Ninguém nunca faltava com respeito aos três anciões – Se vocês tivessem me dado às respostas que eu pedi, quando os procurei, nada disso estaria acontecendo! – ele berrou – Saiam do quarto e não voltem mais aqui até que eu ordene a presença de vocês no meu escritório.

Matilha Villanueva - Para Sempre MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora