Matilha Villanueva - Para Sempre Meu

Capítulo Dezessete ‒ Evelyn Bosconovich

—Pablo? ‒ Diego despertou no meio da noite, com os movimentos de um corpo menor, que apertava-se contra ele. O rapaz acendeu o abajur ao seu lado, voltando sua atenção para o rapaz, que se mexia de forma mais intensa. O Tigre não sabia se aquilo seria apenas um sonho agitado ou então um dos pesadelos que sempre acompanharam o Ômega.

Sentando-se na cama, ele puxou o outro para seus braços, o ninando, enquanto aguardava para ver se aquilo passava ou se teria que acordá-lo.

—Diego... ‒ sussurrou ele, em seu sonho.

—Estou aqui, Lobinho. Estou aqui com você... ‒ ele murmurou no ouvido do menor, abraçando-o com força contra seu corpo.

—Por que... Por que...?

Diego abaixou o olhar, vendo o rapaz completamente ferido em seus braços, com um olho roxo, fechado, inchado. Seu corpo vertia sangue, e um grosso filete escorria no canto da boca do rapaz.

—Pablo! ‒ o homem arregalou os olhos, enquanto tentava sair do choque, ao ver o estado em que o rapaz se encontrava.

Ele ergueu-se, correndo até o banheiro e pegando uma toalha molhada, para pelo menos começar a limpar as feridas. Ao retornar, Pablo não estava na cama.

—Por quê...? ‒ ele virou-se, dando de cara com Pablo, parado na porta, com o olhos azuis, que antes eram cheios de vida, agora vagos, perdidos. Mortos.

—Pablo...

—É isso que vai acontecer se você continuar negando seu companheiro.

Diego virou-se, dando de cara com um rapaz de olhos claros e cabelos loiros, sentado confortavelmente na poltrona preferida de Pablo.

—Evan... ‒ ele arregalou os olhos.

—Por enquanto é só um pesadelo que estou te oferecendo, Edwin. ‒ o rapaz, que era ainda mais baixo que Pablo, ergueu-se, ficando diante de Diego ‒ Se você não quer que isso ‒ ele indicou Pablo, que parecia estar morto, mas ancorado pela parede ‒ aconteça, melhor mudar de tática, Grande Tigre.

—Do que você está falando, Evan? ‒ Diego aproximou-se, parando diante de Evan, encarando o rapaz de forma intensa.

—Não se faça de idiota, Diego. Você sabe exatamente o que eu quis dizer. Eu não mostrei a localização do Pablo naquela prisão, para que você o tratasse assim. ‒ Evan tocou a ponta do dedo no peito do maior, não deixando-o de encarar ‒ Seu passado está voltando e com ele virá a destruição. Mas se você agir conforme o seu coração quer, as coisas podem ser diferentes, Tigrão.

Ele virou‒se, caminhando para a janela. O lugar mudou por completo e diante de Diego e Evan uma planície surgiu.

Diego parou ao lado de Evan, vendo uma menina de cabelos claros presos em uma trança correndo. Ela parecia ter volta de dez anos. E um menino, mais novo, com aparência de dois, três anos de idade talvez, correndo atrás dela, tentando alcançá-la. Ambos carregavam pipas em suas mãos. Pararam diante de um adulto, que estava sentado no chão, os observando. Ele continuou observando os três conversarem de forma animada, até que um outro juntou-se aos três.

—Sou eu...? ‒ ele murmurou a pergunta, em choque.

—E aqueles ali são seus filhos.

Diego paralisou, vendo a cena. Pablo sentado, conversando com os dois, enquanto o seu eu aproximava-se dos três.

—Você está me dizendo...

—Sim, Diego. Eu estou mostrando o futuro. Estou mostrando o que vai acontecer se você deixar os seus medos egoístas de lado e abraçar a vida que tu repele há quinze anos. ‒ Evan virou-se para o Tigre, tocando suas mãos ‒ Acha mesmo que Pablo viverá o resto da vida desta forma? Ele vai cansar, Diego. E então você o perderá. E pior. Ele poderá não estar mais ao seu lado, quando você cair em si, pois seu passado virá contra todos vocês. Tanto seus amigos, quanto seu companheiro, você querendo ou não. A questão está na escolha de como irá enfrentá-lo. Tendo o apoio dele ou deixar tudo isso de lado e morrer pensando nas tuas decisões...