Capítulo Vinte e Dois - Revelações

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— Já dizia a carta de Paulo aos Coríntios "O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."

Guadalupe estava parada, no meio do um dia fora o vilarejo da Matilha Villanueva. O fogo se alimentava das casas. Gritos de soldados, tanto feridos quanto os que ainda combatiam aqueles que tentavam acabar com tudo que fora construído no decorrer daqueles anos, com o esforço de cada um daqueles que ali moravam.

"Quando eu era menino, falava como um menino, sentia como menino. Quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino."

Ela virou-se ao ouvir a voz que ressoou atrás dela.

— Bom ver que ainda lembra das leituras que fazíamos quando criança, Oliver. – ela murmurou ao ver o rapaz surgindo diante dela.

— Não há como esquecer, já que passei boa parte da eternidade trancafiado em uma caverna. Quando eu fui selado, ainda estudávamos as escrituras antigas...

— Eu lembro disso.

— Para uma velha, você tem boa memória. – o rapaz sorriu.

— Eu posso ser uma caixinha de surpresa, Ollie.

— Eu vou matar você.

— Tente.

Antes que alguma outra palavra fosse dita, o rapaz que chamava-se Oliver saltou. Guadalupe esquivou-se do ataque. Praguejando mentalmente, ela correu para o meio das casas em chamas, lugar que Oliver havia adentrado.

Ela sabia muito bem para qual lugar ele seguia.

-

Pablo olhava para o céu.

Faltava pouco para o anoitecer e ele sabia que as coisas a partir daquele momento eram incertas, para todos eles. Seu medo de perder as pessoas que ele amava, pessoas que nem tinham tido a chance de vir a este mundo ainda. Automaticamente ele tocou em sua barriga. O rapaz rogava aos céus que o saldo de tudo aquilo fosse positivo. Se em um passado distante aquele tipo de combate era algo que o excitava, agora era motivo para deixá-lo apavorado.

— Pablo?

Ele olhou para o lado, vendo que Guadalupe, Diego, Victor, Christian e Hector o encaravam.

— Foi mal. – ele resmungou.

— Tudo bem? – perguntou Diego, apertando de leve a cintura do menor.

Ele acenou.

— Mesmo? – Victor insistiu.

— Sim, só estou preocupado. O que eu perdi?

— Estava perguntando a você se estava tudo okay em seu radar de Ômega. – respondeu Victor.

O rapaz ergueu o rosto para o alto e fechou os olhos. Por alguns instantes ele varreu a mente dos soldados que estavam espalhados de forma estratégica pelo povoado.

— Sim. Tudo calmo. – respondeu ele, tornando a encarar o irmão.

— Certo. – O Lobo Negro olhou para Hector – Você vai estar no comando da Equipe Seis a Doze. Diego estará com a Treze até a Vinte. Eu ficarei com as primeiras e na linha de frente. Christian e Pablo estarão em uma das casas no vilarejo com Guadalupe e uma Equipe de segurança. Dali darão as coordenadas para nós. – ele encarou os dois rapazes lançando um olhar aguçado – Nada de saírem de lá até minha ordem. Sabemos que o Morlock irá atrás dos dois por conta dos poderes de vocês, então obedeçam sem resmungarem ou pensarem duas vezes.

Matilha Villanueva - Para Sempre MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora