Capítulo Treze - Passado - Parte VI - A Última Melodia

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—Pablo! – Christian encarou o amigo – Você poderia ter omitido alguns detalhes!

Pablo soltou uma gargalhada alta ao ouvir o amigo rusgar com ele.

—Eu não sou do tipo que conta as coisas pela metade. Se quer que eu te conte, aguente os detalhes que darei.

—Cara, você descreveu as cenas. Tem noção de como isso é constrangedor?!

—Como se você não fodesse com o Victor a cada vinte minutos. Vocês andam se pegando mais do que coelhos, Chris. Eu não vou me surpreender se daqui há vinte anos eu ter mais do que uma dúzia de sobrinhos, do jeito que vocês andam se pegando. E sexo é algo tão normal, pra que tanto tabu em cima de algo tão, tão...

Chris ergueu a mão, fazendo o Ômega se calar, mas segurando-se para não soltar uma nova gargalhada.

—Certo. – resmungou ele, completamente vermelho – Já entendi. E juro que não terei uma dúzia de filhos.

—Diga isso quando estiver no rala e rola com o Victor. – Pablo lançou um grande sorriso ao amigo, que acabou por desistir de retrucar o menor.

—Certo, certo. Sua avó, pelo o que me parece, te ensinou muita coisa. Não somente sobre Ômegas, mas também a revirar os olhos, a dar uma resposta da maneira que deixe qualquer um sem jeito e a bolar estratégias...

—Bingo! – Pablo riu – Se você me acha irônico, que gosta de tirar com a cara das pessoas, você verá que ninguém a supera.

—Céus, eu estou fodido. – Christian escondeu o rosto, ouvindo as risadas de Pablo.

—Relaxa, você será o queridinho dela. – respondeu Pablo, que já havia acabado com um dos pacotes de doce e partia para o segundo.

Eles permaneceram em silêncio por alguns minutos. Christian o encarou, observando o rapaz. O seu olhar tranquilo não mostrava a sua real natureza. Pablo era um tornado. Podia ser um furacão quando queria. Ele já tinha visto do que ele era capaz, para defender algo ou alguma coisa. E só pelo o que o rapaz havia lhe contado, mostrava que tinha muito mais escondido do que ele deixava a mostra.

Pablo o encarou. Chris corou, mas sorriu, recebendo um sorriso de volta.

—Tudo bem? – perguntou o rapaz.

—Sim. – respondeu Christian – Só estou pensando. Você passou por um bocado nessa missão.

O olhar de Pablo ficou sombrio.

—Isso é o início, Christian. – murmurou, enquanto partia um walfer na mão – Não é nada comparado com o que eu estou para te contar...

Christian permaneceu em silêncio, observando Pablo desmanchar o walfer na mão, até que somente haviam farelos do biscoito.

—Tem certeza de que quer me contar? – perguntou o rapaz, apreensivo.

—Eu não quero. Mas preciso. E se não te falar agora, não poderei falar depois. Esse assunto é um tabu entre Diego e Victor. – o rapaz suspirou, inclinando a cabeça para trás e mirando o teto – Vou te contar o que aconteceu com o lance do Wendigo e então eu começo com a parte da minha vida que eu gostaria de apagar da minha memória...

~*~

Passaram-se quase duas semanas, desde que o Wendigo havia atacado Pablo, na floresta. Agora eles estavam novamente no meio do lugar. Mas com um plano de ação, montado pelo Ômega.

Nem Victor e muito menos Diego curtiram o plano do rapaz. Mas não puderam fazer nada, já que ele havia decidido que era aquilo. E eles sabiam que não teriam escolha, já que era a única maneira do Wendigo se deslocar.

Matilha Villanueva - Para Sempre MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora