6 - O CEMITÉRIO DA LUZ

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Eu estava deitado em frente a escada que me levava ao lago da caverna, eu havia desmaiado, tudo aquilo que eu havia visto foi um sonho, tão real quando o chão terrivelmente gelado em que meu rosto encostava. Não sabia quanto tempo havia passado, não via ninguém em todo o corredor iluminado pela luz do sol que atravessava as janelas, mas provavelmente estavam na aula de anatomia da professora Sybi.

Eu não sabia para onde ir, sabia que Sybi não tolerava atrasos, e eu não estava curioso para o tipo de castigo que uma Bestia-hominum dava aos seus alunos.

Procurar uma sala de aula específica naquele imenso castelo seria algo desafiador.

— Tem alguém aí? — O som alto de passos se aproximava, mas não eram simples passos, parecia de um animal...era Ariete, o Giants Cervo de Lione.

Ariete mata os alunos que perambulam pelo castelo, não pensava um segundo sequer em começar a correr, mas não demorou muito para que ela me alcançasse, segurou minha capa com a boca, me levantando do chão.

— Reliqua Pellis — pronunciei o feitiço para invocar a espada, se eu realmente ia morrer, lutaria pela minha morte. Minha pele começou a arder...segurei o cabo da espada e a puxei, como havia feito antes. Com um golpe para trás acertei a lâmina num dos chifres do Giants, que me soltou no instante, uma parte de seu chifre de cristal caiu no chão e se desfez em cinzas, retornando a sua cabeça e formando novamente o chifre, como se eu não tivesse feito nada.

Pareceu bravo, mas não avançou em minha direção, caminhou na direção oposta, olhando para mim algumas vezes, queria que eu o seguisse.

Ele havia me pego pelo capuz, provavelmente não estava querendo me matar, ou não o faria durante o dia.

— Desculpe. — Me aproximei dele vagaroso, desta vez sem medo de me machucar. Ariete continuou caminhando como se não tivesse ouvido meu pedido de desculpas.

Ninguém podia me ver com aquela espada e rasguei minha pele com sua ponta, coloquei-a novamente no pulso, fazendo a marca surgir novamente, a dor não incomodava, mas ver aquilo entrando na minha pele, era bizarro.

Ariete estava me levando para a entrada do castelo, me deixou ali e retornou, provavelmente para sua vigília.

Empurrei a grande porta e vi Héktor do lado de fora e guardas vestidos com capuzes brancos.

— Alium! O que você estava fazendo? Precisamos ir. — me perguntou irritado.

— Desculpe. — Olhei para os guardas...eu não podia explicar ali.

— Melhor irmos.

Deviam ter explicado a direção para Héktor, pois caminhava como se soubesse para onde estava indo. Entramos em meio as árvores da floresta, mas numa direção diferente da que chegamos, haviam guardas na floresta, em todo o percurso até encontrarmos um grupo de alunos, deveria ter 18, lado a lado, Antares e os outros do dormitório também estavam ali e Sybi em frente a todos, escondida em sua capa negra, por um momento, pareceu a mesma cena da seleção.

Oanmesarta! Acnunsiam. — Eu não sabia o que Sybi estava dizendo, mas eu tinha certeza, pelo tom de sua voz, que era algum tipo de reclamação.

— O Znyriano, língua materna de Znyr o extinto país dos Bestia-hominum. — Antares se aproximou puxando a mim e Héktor, nos levando até nossas posições ao seu lado.

— Vocês não são reis, não cheguem atrasados., talvez se quiserem morrer — Sybi falava a nossa língua, com um sotaque estrangeiro, o som do s se parecia com x.

Retirou seu capuz e lançou-o no chão.

Seu corpo esguio, vestida com uma calça de couro e cintas amarradas em torno de um fino tecido que cobria seu busto, suas botas longas cobriam suas pernas, e sua cabeça...uma coruja marrom, de pequenos olhos, e suas asas eram tão grandes quanto sua altura. Metade mulher e metade animal, Leo ficaria impressionado com ela.

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