Os olhos de Nostradamus estavam direcionados para o livro que eu estava em mãos, a luz que ele emanava iluminava todo o salão, era possível ver as teias de aranha espalhadas pelo teto.
— Então fizeram um livro sobre a Guerra das Sombras, gostaria de saber quem o escreveu... — Não entendi o motivo de ele estar rindo enquanto olhava para o livro.
— Pode me ensinar a entender o que está escrito aqui? — Me apressei.
— Para um menino sem nome de família você é bem motivado.
— Meu irmão está morrendo, talvez isso me ajude em alguma coisa. — Ele me encarou sorrindo.
— Queria eu ter morrido sem ter sido cremado como aquele maldito rei fez.
— Ser ter sido cremado? — perguntei a ele.
— Sim... — Me encarou por um momento e olhou para as teias de aranha pensativo. — Nossa alma precisa de um certo tempo para entender que o corpo está morto, para depois sair e ir para algum lugar, seja onde for...levasse tempo para ela entender, dizem que anos, até dezenas deles.
— Mas o que isso envolve você ter sido cremado. — perguntei curioso.
— Quando um corpo é cremado menino sem nome de família a alma não tem tempo para entender que está morta, e é obrigada a sair do corpo...assim se transformando em luz...
— Em fantasmas. — Eu havia aprendido que a cremação era algo comum...até aquele dia.
— Sim...nos transformando em fantasmas. — E suspirou. — Mas você não está aqui para ouvir os lamentos de um fantasma, vamos para o que interessa. — Pegou o livro da minha mão e abriu na primeira página. — A Guerra das Sombras, este livro possui poucas palavras como pode ver. — Olhei para ele e haviam pequenas linhas preenchendo, espalhadas por todos os lados da página.
— Vejo apenas linhas.
Nostradamus leu o livro, e palavras se formavam, eu conseguia ler, mas mesmo assim não sabia o que significava.
IEREMO OTNEMIRFORO SAHNIAIROTSI SOMACRA
— As linhas...
— Os livros das Bestias são escritos por feiticeiros há eras, raríssimos os que podem escrever livros criptografados.
— Um escrivão das Bestias! Meu irmão lê muitos livros...ele adoraria te conhecer. — Além de escrever um livro, era um fantasma, duas coisas que Leo
— Não das Bestias, do verdadeiro rei. Traga-o aqui, será um prazer conhece-lo. — Nostradamus ficou espantado com alguma coisa e nomeou o antigo rei como verdadeiro, eu também acreditava naquilo.
— Está tudo bem? — Quando perguntei ele flutuou para cima da mesa.
— Está sim menino sem nome de família. — E deu um sorriso desdentado. — Vá para o seu quarto, e venha de novo amanhã. — Eu queria fazer muitas perguntas para ele, de o porque ele não sair daquela sala e que tipo de feitiço fazia com que as correntes e cadeado daquela enorme porta negra se fechavam quando alguém saia, mas ele parecia com pressa. — Pegue o livro. — E lançou-o para mim. — Traga seu irmão, vou gostar de conhece-lo.
— Trarei sim! — Me retirei do salão, e as correntes e cadeado se fecharam novamente. — Cremado. — A história de como os fantasmas nascem era algo que me aterrorizaria durante um tempo. Imaginar que todos os corpos que já foram cremados porque as pessoas queriam respeitar seus desejos...mal sabiam eles que apenas se prenderiam a este mundo para sempre.
O castelo estava com alguns lustres com velas iluminando os corredores, diferente das últimas vezes neste mesmo tempo.
A sala que ligava os quartos do dormitório estava quieta como um túmulo. Abri a porta do quarto e entrei vagaroso para não acordar Leo e Héktor.
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Os Gigantes de Armadura
FantasíaDepois da Guerra das Sombras ter extinto quase todos os feiticeiros de Cormeum, os homens passaram a controlar todos os grandes reinos, Zendaya foi o primeiro deles e poucos feiticeiros sobreviveram. Alium, um jovem sem nome de família, criado numa...