25 - UM DIA CALMO

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Eu não estava com sono e decidi ficar com Nostradamus, longas horas aprendendo mais Znyriano, a única parte difícil era tentar decifrar as linhas que se embaralhavam pelo livro, pois ao saber o que cada linha significava, tudo ficava mais fácil.

- É melhor você ir antes que amanheça - disse Nostradamus. Sua autoridade me lembrava a maneira que meu pai falava comigo ao colher maças, eu sabia que não era algo para se pensar naquele momento, mas quando algo bom acontece, pensamos sobre coisas ainda melhores.

- Obrigado - respondi sorridente. Eu não lembro o que senti quando dei meus primeiros passos quando bebê, mas sei que eu estava entusiasmado em conseguir aprender Znyriano com tanta facilidade, deveria ter sido a mesma sensação, mas...talvez fosse apenas a vontade que eu estava em realmente aprender aquilo que facilitava aprender, mas não era naquilo que eu queria realmente pensar, era em como eu faria para encontrar Amandi, saber que ela estava viva, mesmo que saber sobre aquilo tenha sido por Lesath, me alegrava.

...

Logo que voltei para o quarto me encontrei com Héktor sentado na cama e encostado na parede.

- Héktor? - Falei ameno tentando chamar sua atenção, eu havia gritado com ele, e eu sabia que aquilo tinha sido desnecessário. Sequer me olhou quando o chamei e continuei. - Me desculpe, eu não deveria ter falado daquele jeito com você.

- Você já parou pra pensar que as vezes alguns se esforçam tanto para algo e não conseguem o que querem...e outros apenas por ter o sangue certo não precisam sequer se mover para conquistar? - A maneira que Héktor disse aquilo parecia com Leo.

- Porque está dizendo isso? - perguntei, mesmo sabendo a resposta que ele poderia dar.

- Porque para você é tão fácil? E para mim não? - E ele realmente estava falando de mim.

- Eu nunca quis nada disso, sair de casa...descobrir que sou um feiticeiro, ou mesmo permitir que tudo aquilo acontecesse. - Usar a palavra aquilo, era mais fácil...não me fazia se sentir tão mal.

- Você sabe que não foi culpa sua. - Héktor me repreendeu, deu um tapa na minha cabeça e provavelmente tentando desfazer sua tristeza sorriu forçadamente.

- Vamos dormir que teremos um grande dia amanhã! - Era o que eu estava acreditando que aconteceria, um dia melhor que o que tive e os outros que eu poderia ter, talvez se eu dormisse acreditando que o dia seguinte pudesse ser melhor, realmente poderia ser.

...

Naquele dia me levantei as presas, estava faminto, minha barriga roncava alto como o som de alguém que estava batendo a porta do quarto.

- Héktor! Alium! - Era a voz de Arcturo que batia com força na porta.

- O que aconteceu? - Abri a porta devagar, mesmo que Arcturo estivesse apressado, não parecia desesperado.

- Os alunos do terceiro andar irão se formar! - Ele estava animado, pois ele também era do terceiro andar, se ele soubesse no que os alunos eram transformados, não estaria tão feliz.

- É melhor você não ir... - respondi sem pensar, apenas queria que ele não fosse.

- Porque está dizendo isso? - Arcturo ficou sério. - Se formar é a melhor coisa que pode acontecer em nossas vidas! - Ele disse irritado por eu o tê-lo contrariado.

Eu pensava que aquele dia seria melhor que todos os outros, que eu iria apenas ir para a aula, comer aquele pão de cor verde, mas não...não ia ser tão simples, eu não podia deixar que o rei matasse Arcturo e todos os outros alunos sem se importar com suas vidas.

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