Os Gigantes de Armadura

11 - CONFIANÇA

Não conseguia imaginar qual a razão de ele estar ali, os alunos não saiam de seus dormitórios durante a noite por causa da Ariete.

— Estudamos com ele, porque quer saber? — perguntou Héktor, tentando mentir.

Leo estava irritado com ele o segurando e empurrou Arcturo que o soltou.

— Que baixinho forte você. — Arcturo tentava olhar para o rosto de Leo, que estava coberto pelo cabelo e capuz. — Que pele clara a sua.

— Qual o problema? — Leo perguntou irritado.

— Nenhum, nenhum.

— Por um acaso você é algum tipo de guarda pra ficar segurando alunos por aí? — Héktor estava se aproximando dele, se eu não segurasse seu braço ao menos um deles sairia com o nariz quebrado.

— Fiquei sabendo que Lione não está em Cormeum e ela não sairia sem seu Giants... — Ele levantava o queixo enquanto falava, como se quisesse olhar para baixo para nos ver.

Não sei como eu não havia pensado naquilo, eu sabia que Lione não estava no castelo, deveria ter imaginado que Ariete estava com ela, alunos poderiam perambular por ele sem problema algum, não haviam guardas durante a noite no lado de dentro para vigiar.

— Vocês estão fazendo muitas perguntas...O que estão fazendo aqui? — Eu não poderia falar para ele sobre Nostradamus. Era muito provável que o rei havia trancado Nostradamus naquele salão, mas se ele soubesse que um de nós conseguia abrir a porta negra, estaríamos em perigo, descobririam que sou um feiticeiro. Não sabíamos o que dizer, fiquei calado como Héktor e Leo também ficaram. — O que estão escondendo? — Arcturo bufou irritado.

— Não estamos escondendo nada...só estávamos procurando a cozinha para comer alguma coisa. — Se estivesse falando isso para mim eu não acreditaria em Héktor, e tenho certeza que Leo também não.

— A cozinha... — Arcturo sorriu e suspirou. — Os alunos não costumam ir até a cozinha. — Arcturo ficou calado.

— Acho que você que está escondendo alguma coisa. — Héktor retrucou aliviado com ter feito Arcturo mudar o foco.

— Vocês querem ver? — Arcturo parecia empolgado, era estranho sua reação em falar da cozinha.

Se a única forma de fazê-lo parar de fazer perguntas era ir com ele.

— Claro! Queremos sim. — Arcturo nos levou para o salão do mata-bicho, os lustres dourados que preenchiam o teto estavam com velas como nos corredores do castelo, a mesa comprida estava vazia de ponta a ponta.

— Por aqui. — Do outro lado do salão havia uma porta que Arcturo abriu, uma escada levava para baixo. Ficamos com receio de descer, aquilo não parecia uma boa ideia, e era estranho imaginar que uma cozinha estaria naquele lugar. — Não se preocupem, desçam. — Arcturo insistiu.

— Certo...certo... — Héktor se apresou na frente, provavelmente tentando nos proteger de algum perigo, mas nervoso com o que poderia ter ali.

Chegamos até o final da escada, fechada por uma pequena porta, parecida com que entramos na biblioteca.

— Prontos? — Arcturo não parecia animado em nos mostrar a cozinha.

Leo entrou às pressas quando viu uma luz azul no cômodo.

— Fantasmas! — O fantasma de uma senhora vestida com um manto estava limpando a mesa de pedra no canto com um espanador e de costas para nós em frente a uma pequena pia de pedra e lavando um garfo com um pedaço de tecido grosso um outro fantasma que tinha o rosto de um homem barbudo de pelo menos trinta anos estava vestido com um capuz que cobria todo o seu corpo.