Acordei com Enzo pulando em cima de mim.
- Papai, eu quero surfar! - Falou tirando minha coberta.
- Esta muito cedo filho, deita aqui um pouquinho, depois a gente vai. - Puxei ele o fazendo se deitar do meu lado.
- Eu estou com saudade da mamãe. - Ele falou me abraçando.
- Eu também estou, e muito.
Dormi mais um pouco com Enzo e depois fomos para a praia, surfamos até a hora que combinamos de sair.
- A mamãe não gosta mais da gente neh. - Enzo falou enquanto tomava banho.
- Ei não fala isso, a mamãe ama muito a gente.
- Mas porque ela não vêm embora então? Você vai ver ela todo dia e nunca levou a gente.
- A gente já conversou sobre isso filho. - Peguei ele no colo.
- Mas eu quero ver a mamãe. - Coloquei ele na cama.
- Eu vou levar você pra ver ela, eu prometo! Mas agora veste essa roupa antes que sua avó venha aqui brigar com a gente.
Chegamos todos juntos, seria um almoço simples, para a família deles e a nossa.
- Que bom que vocês vieram. - Guilherme nos cumprimentou pegando Manu no colo. - Que saudade de você meu amor.
- E de mim, você não ficou com saudade não? - Enzo fez bico.
- Claro que eu fiquei, morrendo de saudade. - Se abaixou enchendo Enzo de beijo. - Entrem, fiquem a vontade. - Nos puxou para dentro. - Deixa eu apresentar pra vocês, essa é a Laura, minha irmã. - Nos apresentou uma mulher, aparentemente com uns 25 anos.
Depois das apresentações feitas seguimos para a mesa, conversamos sobre muitas coisas, Laura contou sobre sua vida de estudante do Rio, ela era bem comunicativa, ninguém tocou no nome da Amanda, todos ali sabiam que eu ainda não sabia lidar com aquela situação.
- Estamos indo comprar sorvete, já voltamos. - Minha mãe saiu com meu pai e os pais de Guilherme.
- Papai, eu quero sobremesa. - Manu pediu.
- Eles foram comprar meu amor, espera uma pouco.
- Hm, você gosta de chocolate? A gente pode adiantar essa sobremesa neh? - Laura falou se sentando ao nosso lado no sofá.
- Pode tia. - Manu disse se levantando.
- Eu também quero chocolate. - Enzo falou subindo no sofá.
- Vou pegar, perai! - Foi em direção a cozinha. - Olha que delícia. - Ela voltou com um pacote cheio de bombons.
- Meu Deus, que delícia tia. - Manu pulou no colo dela.
- Que desespero filha, calma. - Ri dela.
- Toma, pode escolher. - Laura se sentou no sofá com Manu em seu colo.
- Olha papai, o que a mamãe mais gosta. - Enzo disse pegando um bombom. - Tia, posso pegar pra levar pra minha mamãe? Meu pai falou que vai me levar pra ver ela. - Falou inocente.
- Pode sim. - Laura sorriu sem graça.
Eu chorava toda vez que meus filhos falavam da mãe, meus olhos ficaram marejados e Laura percebeu.
- Vamos ver um filme enquanto nosso sorvete não chega? - Ela sugeriu indo até a estante. - Me ajudem a escolher um filme crianças.
As crianças foram até ela e depois de escolherem um filme se deitaram no tapete para assistir.
- O sorvete chegou! - Meu pai gritou entrando na sala.
- Obaa! - Enzo e Manu correram ate eles.
- Não peguem esse bombom, eu vou levar ele pra mamãe. - Enzo falou chamando a atenção de todos.
Minha mãe olhou para mim como uma reprovação, ela não achava que seria bom as crianças verem a Amanda no hospital, eu também não achava mas naquele momento estava confuso, Enzo insistia muito em ver a a mãe e aquilo me matava por dentro. Me levantei e fui em direção a varanda da casa e me sentei em uma cadeira, chorei de novo, chorei baixo, em alguns momentos eu não tinha forças nem para chorar mais.
- Precisa de alguma coisa? - Senti uma mão tocar meus ombros, era Laura.
- Esta tudo bem, obrigada. - Sorri sem mostrar os dentes limpando as lágrimas. - As crianças gostaram de você. - Procurei mudar o assunto.
- Elas são incríveis, também gostei muito delas. - Ela se sentou ao meu lado. - Enzo disse que surfava, eu também surfo, não sou um Gabriel Medina da vida mas dou pro gasto. - Falou me fazendo rir. - Gostaria de poder levar eles um dia comigo.
- Eles vão adorar.
- Tia, quer sorvete? - Enzo chegou todo lambuzado.
- Eu quero! - Enzo deu sorvete na boca dela. - Hmm que delícia.
Ficamos conversando por mais um tempo e depois fomos embora.
- Mãe, vou ir no hospital rapidinho, não demoro. - Falei pegando a chave do carro.
- Gabriel, amanhã você vai lá, você esta cansado. - Falou. - Você sabe que não precisa ir lá sempre neh? Ela não sabe que você esta lá.
- Mas eu sei, e eu também sei que não vou conseguir ir lá todo dia mas eu vou todas as vezes que eu puder.
- Só não consigo te ver assim, você não pode deixar de viver, sei que esta sendo difícil mas você precisa continuar sua vida.
Sai daquela conversa e fui para o hospital, eu sabia que não precisa ir lá todos os dias, mas eu me sentia na obrigação, ela estava comigo sempre e eu não conseguia deixar ela muito tempo sozinha ali.