Minha voz, minha liberdade

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Fui criada para ser muda
Calada, em meio a opressão
De uma matriarca machista
E uma sociedade a qual não fazia parte.

Fui criada para ser não questionar
Para não querer saber
Minhas perguntas foram mortas
Em plena sala de aula, e isso não era crime.

Mas como uma represa prestes a explodir
As palavras nasceram dentro de mim
Prontas para sair, mas o medo,
Mantinha meus lábios fechados.

Comecei a escrever,
Escoava, transmutava as palavras em mim para versos
E começou a não ser suficiente
Até que um dia, eu ousei.

Ousei falar em voz alta aquilo que eu sentia
E percebi pouco a pouco, que apesar dos erros
De comunicação que cometi, estava sendo ouvida.

Então eu não parei e continuei a falar
Cada vez mais coisas, cada vez mais verdades
Até que um dia, sem eu nunca ter notado, ali estava ela:

Minha liberdade.

O que me libertou não foram apenas meus versos
Palavras são como chaves
Que para nos libertar das algemas da escravidão
Precisam ser manejadas, mas não só com as mãos.

Estamos atados uns aos outros
E minhas chaves só libertam outros escravos
Porque eu mesma só pude ser liberta
Pelas chaves bradadas em tons sutis da voz de outro.

Por isso eu prometi não me calar jamais,
Nem todos os libertadores são livres
Mas cada algema quebrada, é uma vitória para mim.

Teorias do Imaginário #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora