Suicídio

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Ela tinha o péssimo hábito de esconder cigarros e em um momento, como sempre acontecia quando a vida pesava, ela ia lá... Abria a gaveta pequena do criado mudo mega fiel à ela. Ninguém sabia ou imaginava o que acontecia quando ela estava sozinha.

Quando acende o cigarro ela deixa a chama do isqueiro acesa, ela gosta do calor perigoso próximo à pele sensível da mão. Ela não apenas fuma, traga. Ela não quer apenas fazer fumaça, quer envenenar o interior. Matar as pragas que crescem num espaço que um dia foi habitado, porém, o terreno hoje é fertilizado com solidão.

Ela pega uma dose dupla de whisky sem gelo, o cigarro já na metade e vai para a janela. Quantos metros dali do sexto andar para o chão? Quanto tempo levaria uma queda?

Seus olhos estão cansados, sua boca esta cansada, sua pele esta cansada, mas exausta mesmo está a coragem de viver mais um dia.

Ela sabe que o suicídio é apenas uma solidão de longo prazo. Ela apaga a bituca que sobrou do cigarro, vira de uma vez a bebida sentindo tudo queimar dentro dela. Ela tem uma faísca, pequena, quase se apagando dentro dela.

Ela olha para a rua, para noite que se estende e entende... Só precisa de mais um dia, um dia para tentar chegar lá.

(Norwich)

Teorias do Imaginário #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora