Despedida - Unip

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Existem duas maneiras de escrever poesia
Pelo menos, para mim.
Existe poesia que eu sequer considero minha
Porque eu fico com a impressão de ter sido apenas um canal
Por onde as palavras fluíram como um rio para o papel.
E existe a poesia que eu tenho a intenção de escrever sobre algo ou alguém especifico. Essa poesia é mais difícil

Quando eu pensei em uma poesia para apresentar no Sarau
A primeira coisa que pensei foi: preciso de um foco
E esse pensamento me levou a lembrar
Da Ruth no primeiro dia de aula aqui na UNIP
Ela tinha um foco bem especifico e pensava
Que não iria desviar dele pelos próximos 3 anos.

O campus era o da Rua da Paz, ironicamente
Porque PAZ foi algo impensável para mim e para você Robson Di Brito
Eramos como versos de rimas semelhantes e declamados aos gritos
Levou tempo até percebemos que não tinha porque um ser mais alto que o outro
Que juntos, fazíamos parte de uma canção e sinfonia bem maior.
A harmonia veio com o tempo.

Com três focos definidos eu me sentei com papel e caneta
E tentei começar a escrever o poema
Era como se uma nuvem de palavras estivesse a minha volta
E tudo que eu precisava fazer era escolher uma a uma
E isso me lembrou uma aula do Prof. Adilson
Sobre Significados, Significantes, Dicotomias e Saussure.

Então eu comecei a pensar se não seria melhor
Fazer um poema com silabas poéticas idênticas
Criar rimas que combinassem na mesma formula.
E não deu para não relembrar as aulas da Prof. Lígia
Então eu pensei, e se linkasse a poesia com literatura?
Prof. Ligia, Cotrim, Simone a voz de vocês imediatamente vieram até mim.

Apesar de três focos possíveis
Eu não conseguia um verso que ligasse os três em uma poesia
E me parecia injusto deixar algum deles de lado
Então eu fiquei algumas noites apagando e reescrevendo
Até que falei para mim mesma: devo estar ficando louca
Provavelmente se eu tivesse explicado toda a ideia que eu tinha e queria criar
A Prof Ana Lúcia iria sorrir, achar engraçado e mesmo assim me incentivaria a continuar
Como ela fez com as ideias absurdas que eu tive nos últimos 3 anos.


Era difícil encontrar palavras e versos que pudessem expressar tudo o que eu queria
Então eu me perguntei: PORQUE EU ESTOU ESCREVENDO ESSA POESIA?
A verdade é que eu quero com ela, fechar um ciclo
Um ciclo de três anos que mudou drasticamente a garota com um foco de 3 anos atrás
Que recebeu de seus mestres e professores muito mais do que transmissão de conhecimentos
Recebeu ensinamentos. 
Eu quero expressar o profundo respeito e admiração que eu tenho por muitas das pessoas que estão aqui sentadas hoje e outras que não podem estar aqui fisicamente, mas que estão nas entrelinhas de cada verso que eu escrevi.
Prof Miklos, Prof. Gervai, Robson, Michelle, Caroline, Wellington, Ed, Amanda,Taís, Silvia, Alexandre, André e tantos outros

Depois de alguns dias e varias folhas de papel amassadas
Já deu para perceber que eu não consegui poesia alguma
De tudo que eu havia escrito, eu salvei uma pequena parte que dizia:

Apesar de ter o foco de onde eu deveria estar dali a três anos
A Ruth que entrou na Unip da Rua da Paz, não teria como imaginar
Que ali ela não iria somente aprender sobre literatura, gramatica e coesão
Ela iria aprender que ter o foco, é bom, mas não é o essencial.
Que a visão periférica, o que a envolve é tão importante quanto o foco
Que saber onde quer chegar é reconfortante
Mas que não se chega a lugar nenhum senão sairmos um pouco da nossa trilha e compartilharmos com outros a caminhada.
E que a poesia que ela queria que fosse uma despedida
Para todos que fizeram parte desses três anos de história
Poderia ser resumida em apenas duas palavras:

MUITO OBRIGADA.

Teorias do Imaginário #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora