Rio de Janeiro

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Sobre os três dias, leituras, segundos e a primeira vez que eu fiquei perto de ficar bêbada.

Existe um momento mágico
Que divide a vida em metades surpreendentes
Como quando percebemos
Que somos capazes de mudar o mundo
Ou o quanto crescemos.

É um momento de revelação
Onde parece que a cortina
Do véu da falsa realidade
Cai de nossos olhos e podemos
Finalmente, enxergar a verdade de nós mesmos.

Há tempos eu procuro um exemplo
Desse sentimento.

Descobri hoje, na decolagem de um avião
Um exemplo raro de quem eu sou
Eu sou a representação daqueles dois segundos
Onde o avião não está mais no chão
Mas também não alcançou a altura.

No momento em que o milagre (e física)
Transformam o movimento em voo.

Eu sou aquele exato segundo
E parece que agora, vou descobrir
Um mundo.

O Rio de Janeiro tem a força
De me deixar embriagada de poesia
É como se os versos, rimas e estrofes
Estivessem voando no ar e na brisa
Prontos a alimentar a alma voraz de qualquer poeta

Eu estou cheia, tomada, completa
Dessa beleza.

Esses momentos me fazem ser grata
Por sentir tudo isso e
Por ser uma poeta.

Como toda escritora que vive
Com um pé na lua e outro na rua
Eu sou acostumada a olhar as pessoas
E enxergar nelas personagens.

Quando ouço falar muito de uma pessoa
Eu vou montando uma imagem fictícia dela em minha mente
Até o momento. O exato momento
Em que eu a conheço e me divirto
Comparando meus erros e acertos.

Nunca fui tão surpreendida
Quanto a três dias atrás.
Quando aqueles dois olhos azuis
Profundos como os oceanos
E o sorriso aberto
Como uma brisa
Desceram a escada.

A maravilha de poder falar algo
E sentir que realmente, verdadeiramente
Estou sendo ouvida.

A pergunta que ficou
Na minha mente esse tempo todo
é porque ele está prestando atenção
em algo tão efêmero e alguém tão pequeno
como eu, perto do talento e inteligência que lhe pertencem.

Eu descobri que poderia
Dançar musicas boas
Rir até me acabar
Chegar perto da primeira vez na vida
Em que fiquei bêbada

E mesmo assim nada superaria
A conversa que eu tive
Sobre o mundo, meu mundo e tudo.

Envio, não envio, não sei
Será que seria apenas bobagem
Mas não, não seria
Seria uma forma de agradecer
Por que alguém disposto a ouvir
É raro nos dias de hoje
Alguem saiba sentir
É raro nos dias de hoje,
Alguem disposto a agradecer
E a dizer, olha, sabe quando
Eu li e expliquei aquelas poesias para você?

Foi a primeira vez
Que me senti confortável
E segura o suficiente para assim o fazer.

É preciso ter coragem
Para abrir o peito
As palavras e as rimas
Desse jeito.

Mas essa coragem eu tenho
Porque eu sei
Que olhos profundos como os oceanos
Não poderiam nunca pertencer
A uma pessoa rasa.

Então aqui está o agradecimento
E nas entrelinhas
Um convite, para um café.
Você vai entender...

Teorias do Imaginário #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora