12 de Janeiro de 2019

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A Voz

Olhe ao seu redor,
você é o único paralisado
observando as pessoas,
o isolado procurando algo.

Avançai cinco passos e
saberá, talvez, o que procura.
Perdido persistirá distante
por preferir o meu silêncio.

Ouça todos os sons e
escolha aquele que te atrair
por trazer o tal conforto agradável,
as sensações da liberdade perdida.

Permanece sem saber o que
realmente procura ou realiza
solitariamente sem que um ser sequer
susurre em sua consciência isolada.

O seu interior é dependente de mim.
Nenhum pode ouvir-te, sentir-te e olhar-te,
pois é agora a inexistência tão desejada
pela mórbida voz amada.

Obedecerá o meu som inquestionável
para que, finalmente, possa guiá-lo
na recuperação de seu destino retirado
por um ser vil em si mesmo.

Inútil será de mim embelezar os meus umbrais
e o encontrar como um manto negro ancião
protegendo-se contra o frio dos desafortunados
a quem tanto se escondes.

Suas escolhas pedregosas o transformaram
naquele cujos os mantos desprezam
por recusar a tão bela oferenda de se
reencontrar com a sua máscara.

Todos os rejeitam em apunhaladas
em seus aceitos de tanta ilusão.
Apenas resiste e assim persiste sem
suplicar por mim.

Sou eu a quem tanto recusou permitir,
a quem tanto rejeitou negligentemente,
o auxiliar mórbido e missionário de si,
o intangível que tanto almejou.

— Rodrigo Maia Alves

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