19 de Janeiro de 2019

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Marés Póstumas

Tribulações de ondas flamejantes do tormento trovejante,
de tão inextricáveis em suas agitações marítimas,
contorcem os mares a frágeis lâminas débeis cujo aço de veludo
afoga-se ao enfrentar a intensa maré imperdoável.

Navios fragmentados, com as bandeiras de seus nomes,
presenciam as flâmulas carbonizando as tripulações
e incinerado aqueles que buscavam as preciosidades
outrora almejadas nas terras distantes do covil importunado.

O canto ritualístico da tempestade, as chamas efervescentes,
a melodia cantarolada ao adentrarem nas profundas incompreensões
do mapa utópico dos mares indomáveis.
Escuridão oceânica assim sendo as velas conduzidas.

Apreciam-se o rum e os baús, enquanto conduzem, negligentemente,
o timão, inconscientes do destino traçado em águas escuras
por homens tresloucados protegidos em baluartes intermináveis
diante de discursos imbróglios de vozes orgulhosas.

Afogados distantes de sua redenção abrupta,
jazem nas chamas das ondas purgatoriais
em que os ritos o cobrirão nas profundezas
das tábuas de sua lápide desejada nas águas sombrias navegáveis em desespero.

— Rodrigo Maia

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