20 de Março de 2019

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Mulheres

Muitas vezes julgada e maltratada, sentindo então ser rasgada, o medo a persegue, a dor cresce... Esse é o preço que ela paga por ter nascido mulher. Será que um dia, quem a julga e a maltrata lhe fará sorrir? Será que pelo menos por alguns minutos alguém a exaltará, por quem ela é e não a julgará pelo prazer que ela não consegue lhe dar, ao ser violentada e ter sua pureza arrancada?

Vítima do feminicídio, julgada por apoiar o feminismo e marcada pelo seu ex companheiro que gritava para o mundo inteiro ouvir, o quanto ele lhe "amava" e lhe fazia "sorrir". Seu nome ela não diz, esse é mais um relato de uma mulher que um dia fora feliz e que agora carrega em seu corpo e em sua alma, uma eterna cicatriz.

Leitores poetas, amadores locutores, perante a tantos gritos sufocados pelos agressores, tantas vidas levadas pelos "senhores" de alta estima e privilégios cedidos pelos doutores que acreditaram nas falsas mentiras contadas e nos falsos amores, a dona desta voz, uma das poucas sobreviventes deste mundo desigual, grita e lhe pede um único e talvez o último ato de piedade. Recitem, gritem e mostrem para eles o que as paredes, os rostos bonitos, as palavras frívolas e nosso sorriso forçado esconde, por causa do medo constante, angustiante e humilhante.

É aterrorizante e assustador o modo como os sentimentos e a vida das mulheres parecem sem valor; os números crescem, são quase cinco mil mulheres mortas e violentadas por ano, lembradas mas nunca inocentadas, apenas consideradas culpadas e julgadas.

Não nos calaremos, até que a última mulher dê seu último suspiro e então o mundo lamentar por terem decidido não se importar, incapazes de salvar quem lhes colocou nesse lugar.
Seria cômico, se não fosse verdadeiro. Se transformaria em uma bela peça de teatro, encenado pelos autores e dono das dores causadas nas mulheres sem nenhum resquício de amor.
Continuamos sendo vítimas do feminicídio, jamais apoiadas pelo machismo, dona da voz e criadora do feminismo, fugindo assim, do abismo...
Queremos ser livres sem ter a vida interrompida por um fim fatal, parar de ser tratadas como um animal e sim como uma pessoa cujos diretos jamais deveriam ter deixado de serem iguais.
Mulheres do mundo inteiro, vítimas do homem, do ato insano que as persegue, se juntem, rebelem-se e mostrem ao mundo tudo aquilo que as fere.
Desejamos viver, parar de sofrer. Queremos sorrir, sem para isso, precisar fugir...
Este é o grito das mulheres contra todos que as fere; um grito doloroso das mulheres inocentes, que simboliza tudo o que elas sentem.



Queliane Vieira.

365Donde viven las historias. Descúbrelo ahora