vivat comoedia!
O amor? Ora, quem se importa em ainda falar de amor
Em nossa época, tão trágica que torna-se cômica — quem sequer _ousa_ falar de amor?Os caminhos se moldaram, e rir é tudo o que podemos fazer
Os raios de esperança surgem aqui e acolá
As mentes negras e baixas são raramente ofuscadas
Não há mais espaço para os deuses
Nem para os filósofos
Tudo o que há é a Sombra
E aquilo que ela ocultaSomos nós, os novos pensadores!
A esperança do amor e dos sonhos belos!
Mas como poderíamos nós lutar em prol da luz
Se nascemos nas sombras?
Nosso ninho moldou-se em poderoso e belo negativismo
A positividade é risível
Riam, então, meus irmãos: são os únicos versos que podemos escrever
Nossa poesia é puro riso
E nossa Alma é pura esperança obscura
Oculta pelo mal que nos fez
Nos moldou em argila podre
Construiu nossas formas disformes
Espíritos da tragédia — e por que não da tragicomédia?
Sejamos isso, novos poetas! Sejamos a última linha de defesa a tudo aquilo que é belo e ancestral
Aquilo que moldou, em inocência, a sombra que nos fez comediantes da tragédia.Estes são nossos poetas e filósofos de hoje,
Armados com o riso e com as espadas de fogo negro que de nossas e vossas bocas saem
Não mais pura, a verdade agora está conosco.
Profanada, o que resta da luz nos pertence:
É falha, é cinza, é amarelada, mas é a verdade;
É tudo o que vos resta, e sinto muito por isso:
Somos nós, os filhos rebeldes do mal!—Matheus Costa
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365
PoetryParte 01 - 365 vem com a intenção de fazer exatas 365 poesias, uma a cada dia. Então, sente-se, pegue seu café e delicie uma por dia.