Respect

3.1K 326 622
                                    

P.O.V Jack Dylan Grazer

Com aquela claridade, parecia que o sol estava bem na minha frente.

Abro meus olhos devagar, que estavam irritados por conta da luz. Vou me acostumando com isso e viro pro outro lado, onde Tyler deveria estar.

A outra parte da cama estava vazia. Me sentando, vejo que estava sozinho no quarto. Coço meus olhos, me espreguiçando. Pego meu celular que estava na mesinha do lado da cama.

Setenta e três chamadas perdidas dos meus pais. Reviro os olhos, bloqueando a tela de novo.

Olhando de novo pro travesseiro ao lado, vejo um papel. Pego e abro.

Bom dia, Jackie...

Eu fui comprar coisas pra gente comer, mas volto logo, prometo. Mas tem uma barrinha de cereal no frigobar se estiver com muita fome.

Só pra reforçar, ontem foi o melhor dia da minha vida. Você é lindo...

E agora sem dúvidas nenhuma eu sei que eu te amo. Obrigado

, Tyler

Sorria pro papel igual um idiota. Deixo ele perto do meu celular e levanto da cama. Eu estava só com o moletom do Tyler, que ele me deu porque eu estava espirrando no meio da noite. Ele cobria metade das minhas coxas.

Entro no banheiro, tirando o moletom e o dobrando. Ligo o chuveiro e encosto a porta.

Saindo do banho, coloco o mesmo moletom do Tyler e a minha cueca que achei num dos cantos do quarto.

Me sento na cama com meu cabelo ainda molhado. Pego meu celular e tinha milhões de mensagens dos meus pais.

Começo a ligar pra minha mãe, sem nada em mente pra dizer.

- Filho??? - Ela parecia desesperada.

- Oi, mãe... - Falo baixo.

- Meu Deus, você tá bem??

- Estou. - Respiro fundo, olhando para a janela.

- Onde você tá??

- Eu to no quarto do Tyler.

- Ele machucou você? - Essa pergunta me irrita.

- O que você acha que ele é, mãe? - A mesma não responde. - Não é só porque Tyler não estuda, ou que ele não tem uma casa de verdade que ele um tipo de... - Penso na palavra. - Psicopata!

- Meu amor, vem pra casa...

- Eu não... não sei se quero voltar agora. - Sou sincero.

- Por favor, volta pra casa. Não estou brava por você ser... - Sinto que tem dificuldades pra falar a palavra. - gay.

- Eu podia até acreditar nisso, mas tenho certeza que papai tá surtando. - Nada do outro lado da linha. Sabia que o que eu dizia era verdade.

- Seu pai está bem com isso também...

- É O JACK?? - Escuto ele gritar atrás dela.

Fecho meu olhos, com medo do sermão que eu ia levar.

- Jack! - Suspiro. Não era mais minha mãe que estava no telefone. - Filho?! - É óbvio que havia passado o celular pro meu pai.

- Oi, pai...

- Ah, graças a Deus. Onde você está? Estou indo te buscar. - Abro meus olhos, suspirando.

- Eu não sei se quero voltar pra casa agora.

- Ah, mas você vai sim. Acha que tem esse direito de envergonhar a sua família na frente daquele tanto de gente?! - Eu sabia que ele iria ter essa reação. - Porque não, você não tem esse direito. Quero você em casa AGORA.

- Não. - Digo, curto.

- Como é que é??

- Não. - A quanto tempo eu queria esfregar tudo na cara do meu pai... - Você pode ser meu pai, mas não vai controlar a minha vida desse jeito! Se eu gosto de garotos, e daí? Eu estou muito feliz com o Tyler. Qual o problema??

- Olha como você fala comigo... - Adverte.

- Tá na hora de você crescer, pai. Estamos em 2018. Eu amo você, mas pode ter certeza que eu também amo o Tyler. Então se você tem alguma coisa contra gays, guarda pra você. - Tomo um pouco de ar. - Lembra aquele dia que você disse da parada gay?

- ...

- Eles não estão fazendo isso pra apanhar. Eles estão fazendo aquilo pra ser tratados como GENTE. Ainda são pessoas! Iguais a você, a mamãe, à mim. Você não é obrigado a gostar deles, mas tem que respeitar. Mas já que você não respeita nem mesmo o seu filho, com todo o respeito, vai se foder. - Desligo o telefone.

Jogo o celular na mesa, abaixando minha cabeça. Me sentia mais leve. Levanto e quando viro vejo Tyler com uma sacola de papel na mão, me olhando de olhos arregalados.

𝕜𝕚𝕤𝕤 𝕞𝕖 𑁍 Fack Onde histórias criam vida. Descubra agora