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P.O.V Jack Dylan Grazer

- Eu tinha seis anos... - Vendo que ia começar a falar, o interrompo.

- Eu não...

- Quando eu vi meus pais sendo mortos. - O olho, engolindo seco. - Eu estava escondido no armário do quarto deles quando vi alguém atirando nos dois, perguntando sobre "o dinheiro". - Vejo que isso era um assunto muito difícil pra ele. - Mas tínhamos falido, roubaram a gente, não tínhamos "o dinheiro"... - Respira fundo antes de terminar. - Seu pai roubou da minha família.

- M-Meu pai?? - Ele "matou" os pais do Finn??

- É... - Olha pros seus dedos. - Desde aí eu vivi com meu tio por parte de mãe, que dizia coisas horríveis sobre meus pais e principalmente sobre como a polícia é má, e que se eu ver alguma, eu deveria o avisar e fugirmos. Mas eu achava isso normal, tinha só seis anos... Meu tio sempre andava com o irmão do Jim, David. Eram melhores amigos. E com ele eu conheci a Millie, filha do David, que virou praticamente minha irmã. Crescemos juntos, é daí que nos conhecemos...

- Ela é igual você..? - Me olha.

- O que quer dizer com "igual"?

- Ela faz mal as pessoas? - Voltando a olhar pro chão, o mesmo sorri breve.

- Millie não era de matar por diversão igual a mim... Ela só atacava quem nos atacava. - Ficamos em silêncio por segundos. - Mas aí eu cresci e continuamos todos juntos, fugindo de tudo e de todos. Eu e Millie fizemos nossas tatuagens... - Ergue sua manga, olhando para o seu braço. Era um triângulo. - Estava tudo bem até eu descobrir que foi meu tio quem tinha matado meus pais.

- E-Eu sinto muito... - Digo, continuando sentado meio longe dele.

- Eu fiquei irritado, bravo e muito magoado. E não me ensinaram a ter controle. - Me olha nos olhos. - Então eu... - Respira fundo. - O matei. - Quase as palavras não saíram da sua boca. - Mas foi que começou o meu "vício"... Fui atrás do David e o quase o matei também.

- Millie..?

- Ela me impediu e eu quase a matei também, mas ela me ajudou muito. David fugiu e pelo jeito ele se matou. Por isso estamos aqui.

- Por que me contou isso?

- Por que eu quero que você saiba quem eu sou de verdade. - Nossos olhares se encontram.

- E-Eu nem sei seu nome direito... - Rio breve com ironia.

- Meu nome é Finn Wolfhard, tenho 18 anos...

- Você mentiu até sobre sua idade? - Ele me olha.

- É... Sinto muito. - Eu me sentia tão estúpido.

Uma das pessoas mais importantes pra mim agora é uma das que eu mais tenho medo... Eu dormi ao lado de uma pessoa que tem sangue de centenas de pessoas nas mãos.

Ele podia ter me machucado. Machucado minha família.

A porta abre. Finn fica de pé e vê Wyatt.

- Meu Deus, me falem que vocês estão bem... - Ele estava sendo segurado pelo guarda para não entrar totalmente na sala.

- Eles bateram no Jack, não está nada bem. - Diz o Wolfhard.

Wy me olha, com lágrima nos olhos.

- Deixe ele ir. - Uma voz vem de trás dele.

O homem o solta, deixando o Oleff vir até mim e me abraçar.

- Jaeden? - Olho pra porta e vejo um cara de terno, me encarando.

- Ele tá bem?

- E desde quando te interessa? - O de cabelos negros fica na minha frente.

Wyatt me olha nos olhos, vendo meu rosto todo machucado. Vejo a dor dele nos seus olhos.

- Eu vou tirar vocês daqui, tá..? - Cochicha só para mim.

- T-Tá...

Logo o mesmo levanta olhando pra Finn.

- Tá feliz agora, seu merda? - Ele estava realmente muito bravo. - Machucar alguém inocente pelo o que eu fiz?? - Tento levantar, mas minhas pernas doíam demais.

Quanto mais um penso nisso tudo, mais minha perna na qual eu tomei aquele tiro dói.

- Wyatt, volta pra cá. - Manda.

Ele obedece, antes de sair olhando pra trás.

- Eu sinto muito, Jack. - Fala o homem de terno, parecendo olhar para minha alma. - Durmam. Amanhã vai ser um dia... bem longo. - Aquelas palavras me dão arrepios.

- Longo é meu pau no seu cu! - Tyl... Finn ia em direção a porta quando ela fecha.

Minha barriga ronca. Eu não comi nada desde que eu cheguei aqui...

- Tá com fome? - Pergunta o do outro lado da sala.

Faço que sim com a cabeça e ele respira fundo.

- É... Eu também.

Assim que ele acaba de falar essas palavras, a porta abre.

- Hora de comer, porcos. - Era a voz do Jim.

Ele joga um prato de plástico no chão. Nele havia uma espécie de miojo velho.

- Mas somos dois aqui... - Digo com medo de retrucar.

- Só você come, Jack. - Fecha a porta com força.

Eu olho pro miojo que parecia o melhor dos piores. Olhando pra Ty... Olhando pra Finn, ele olhava seus dedos, parecendo pensar.

Pego o prato que tinha um garfo de plástico junto. Olhando pra aquilo, minha barriga ronca mais.

- Aqui, pode ficar. - Estendo o braço pra ele.

- Não. Eu to escutando sua barriga roncar daqui. - Me olha.

Suspiro, pegando o garfo e começando a comer aos poucos. Estava gelado e com gosto de nada. Mas pela minha fome, aquilo estava até que bom.

Depois da primeira garfada, eu o entrego o garfo. Me olhando, ele nega com a cabeça.

- Eu insisto. - Finn molha os lábios e pega.

- Você devia comer tudo...

- Podemos dividir. - Sorrindo fraco pra mim, eu retribuo com um breve.

Um frio na barriga se instala em mim.

𝕜𝕚𝕤𝕤 𝕞𝕖 𑁍 Fack Onde histórias criam vida. Descubra agora