"Cansada de ser uma marioneta nas suas mãos, decidi que estava na altura de o jogo ser a dois."
Depois de se deparar com o olhar mais intenso que alguma vez tinha visto, a aventura que Lia procurava, começou e era muito mais do que alguma vez poderi...
Lia apressou-se, não querendo desperdiçar um único momento daquele dia, enquanto corria pelo seu quarto, colocando as mais diversas coisas na sua mala preta.
Ainda com a mente ocupada pelas quatro vezes em que fora recusada e por todas as outras negações que recebeu, sentia uma grande desmotivação que a impedia de conseguir encontrar novas oportunidades. Escondia os seus sentimentos dos outros, mas sozinha ainda se castigava a si própria. Precisava da sua confiança de volta, a mesma confiança e coragem que a fizera atravessar o mundo, pois de outra forma não conseguiria continuar.
Após alguns dias de muito movimento no trabalho e de se dedicar às aulas de Hangul, que estavam próximas do fim, conseguiu planear um dia que seria só seu. Um dia só para si, em que poderia visitar Seoul e fazer o que mais gostava.
Colocou o seu gorro vermelho e o casaco castanho comprido antes de se aproximar das suas botas pretas que a esperavam na entrada. Colocou os seus óculos escuros ao fechar a porta, agarrando com força a sua máquina fotográfica com a mão livre. Estava tão entusiasmada que nem a queria guardar.
Depois de ver itinerários e sugestões de diferentes locais, sabia onde tinha de ir e as formas mais rápidas de chegar onde queria, o que a fazia caminhar com um sorriso na face.
Filmou o chão a desaparecer rapidamente sob os saltos das suas botas e as folhas a moverem-se da mesma forma que o seu cachecol, com a brisa daquele dia que, apesar de ensolarado, estava frio. Filmou a forma como entrou no autocarro, querendo guardar cada detalhe mais insignificante e sentou-se perto da janela, onde pôde filmar o quotidiano das mais diferentes pessoas a desvanecer com a velocidade do transporte.
Visitou a aldeia Bukchon Hanok, com a sua câmara sempre a funcionar a cada pedaço de beleza que os seus olhos captavam. Era um lugar tão tradicional, tão diferente do que Lia já tinha visto desde que chegara. E os enquadramentos que encontrava para as suas fotos eram lindos.
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