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"Suicide Note" - XXXTentacion || "I Will Go To You Like The First Snow" - Ailee  || "Who Are you" – Sam Kid

(https://www.youtube.com/watch?v=icgBviS1k6s&list=PLntBYVB6xuzB_uhaVSD_5oqj0pE4NgMWt&index=80&t=0s)

Lia tropeçou pela rua, começando a sentir o frio das pequenas gotas de chuva que tocavam a sua pele. O seu olhar estava vidrado, preso às memórias do que acabara de acontecer, pelo que nem reparou quando chocou contra alguém na rua. Levantou-se sem ver a pessoa e continuou a andar como se nada tivesse acontecido.

Saíra de casa sem casaco, pelo que a sua pele se arrepiava ao sentir o vento frio daquela noite de chuva. Sentia um aperto no seu peito e uma sensação desconfortável no seu estômago.

Ela pensava que andava a lutar contra a exposição da vida de Jimin e contra as regras que lhe foram impostas pelo caminho que ele escolheu. Pensava que estava a fazer o correto em mostrar que não ia desistir dele e que talvez assim a empresa aceitasse que eles continuassem juntos.

Não era contra uma empresa que ela lutava? Era contra alguém da família dele?

Lia não percebia o que se passava, mas a sensação de náusea que crescia em si não derivava da forma como se sentia ignorante. Jimin não lhe tinha contado nada... Era o tio dele...

Lia continuou a andar, sentindo as suas roupas encharcadas e pesadas. Ainda que muitas pessoas passassem por ela, apressadas e com os seus guarda-chuvas, nada existia para ela naquele momento.

Sentia-se tão perdida...

Aquele não era o seu país...

Não tinha a sua família consigo...

Não falava com a sua mãe há meses, com receio de a desiludir ao contar-lhe a verdade acerca da nova vida que tentava construir...

As conversas com a sua irmã não eram suficientes. Ela não conseguia dizer-lhe tudo o que queria...

Sunny... Ela tinha magoado Sunny, com as suas decisões irresponsáveis...

Ela não era assim... Nem sequer se reconhecia.

Passou por uma montra e viu os seus cabelos encharcados a emoldurarem um rosto emagrecido e pálido. Não era o seu reflexo que ela não reconhecia, pois já tinha visto aquela imagem muitas vezes. O que ela não reconhecia era o olhar que podia ver nos seus olhos.

Ela tentava manter-se fiel a si própria, mas por mais que tentasse tudo parecia desmoronar.

Mesmo depois de ter deixado o seu país e a sua família, continuava a falhar miseravelmente enquando tentava lutar por aquilo que mais queria.

Quando deu por si, viu a cor laranja que ela conhecia tão bem. Entrou e viu a Ahjumma a limpar antes de deixar o seu trabalho, com as bochechas coradas pelo esforço.

As suas pernas fraquejaram e as suas mãos tocaram o chão. Lia sabia que a Ahjumma falava com ela, mas ela não a conseguia ouvir, pois as lágrimas desciam sem parar pela sua face e o som do seu choro ecoava a partir da sua garganta.

Sentiu o aperto dos braços dela, enquanto soluçava.

- Nunca... Nunca resulta... Ahjumma, eu tento, eu luto... Nunca resulta...

Lia sentiu a mão da Ahjumma a afagar os seus cabelos molhados.

- Eu... Sempre que eu decido, sempre que sei o que quero para mim... É-me sempre tirado o que mais quero...

Ela sabia como podia parecer infantil, sabia que podia parecer dramática. Porém, não conseguia mais conter as suas emoções.

Continuou a chorar, sem sinal de conseguir parar, nos braços da pessoa que mais a acolheu naquele país desconhecido.

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