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Depois de olhar para o relógio pela décima vez, Alison Evans sabia que nada justificaria o atraso de vinte minutos. Não quando se tratava do senhor Williams. Entre tantas vezes que teve que encobrir os atrasos de Edward nas segundas-feiras pela manhã, ele nunca se atreveu a atrasar tanto. Ela já estava fumando o terceiro cigarro e conferido o celular dezenas de vezes, esperando encontrar uma mensagem. Foram vinte minutos imaginando diversas forma de matar o amigo, e todas elas com muita crueldade. Alison estava pronta para acender o quarto cigarro quando um Porsche vermelho conversível entrou no estacionamento da editora e parou diante dela.

Edward lançou um sorriso cauteloso para Alison, enquanto passava suas pernas por cima da porta, saltando graciosamente para fora do carro. Ele se voltou para a ruiva que estava no volante e a beijou carinhosamente. O sangue de Alison subiu para os olhos e ela cogitou matá-lo ali mesmo, diante a ruiva peituda que, neste momento, acreditava que teria uma segunda noite com Edward Willians.

- Vinte minutos.

- Eu sei, eu sei. Me desculpe. Mas eu trouxe café do Du Monde, você pode entregar para ele.

- O quê? Está falando sério?

- Parece que a ruiva ali não pega fila, ela deve estar dando para o dono do café também.

Ele acenou para a garota, sorrindo enquanto caminhavam para a entrada do prédio.

- Ai, que nojo, você poderia me poupar às vezes. É sério, Edward, esta é a última vez que te cubro. Você pode ser parente dele e ter algumas regalias, mas eu preciso desse emprego. Mais do que isso, eu amo meu trabalho e não vou arriscá-lo nem por você.

Edward colocou o braço sobre seu ombro com uma risada acolhedora.

- Ele não seria doido de demitir você, não se preocupe. Você é ótima no que faz.

- Vai ter que ler meu livro novo para pagar esse atraso.

- Não mesmo. Por favor, nós já conversamos sobre isso. Você precisa aceitar que não nasceu para escrever, e sim, revisar o que já foi escrito e, sinceramente, você é ótima nisso. Por que se aventurar em uma área que você não domina?

- Nossa, Edward. Você está me ofendendo, sabia? Meus livros não são tão ruins.

- No seu último romance, o cara traiu a namorada com o melhor amigo dela, gay.

- E daí? Isso acontece no mundo real.

- Mas você fez ela correr atrás dele, oferecendo perdão igual a uma louca obcecada.

- Talvez eu tenha exagerado um pouquinho. - Alison respondeu envergonhada, retirando o braço dele de cima dela. Eles entraram na editora, indo direto para a sala do Sr. Bernard Williams.

- Atrasados de novo.

- Gostaria de me desculpar, senhor Williams, paramos para pegar um café do Du Monde e eu trouxe um para o senhor.

- Obrigada, Alison, mas da próxima vez que quiserem tomar café lá, acordem mais cedo.

- Sim, senhor. – Disse Alison, enquanto olhava furiosa para Edward, que deu de ombros. Ela pegou o pen drive com o livro que começaria a corrigir e seguiu para sua sala.

Enquanto corrigia o livro, Alison se perguntava o que ele tinha de superior em sua escrita, parecia tão sem graça e ali estava ele, aprovado para ser publicado em uma das maiores editoras da Louisiana. Talvez Edward estivesse certo, talvez ela devesse mesmo desistir de tentar escrever um livro decente.

Após o almoço, Alison encontrou uma rosa vermelha em sua mesa e, ao olhar através da porta aberta de sua sala, avistou Edward sorrindo para ela. Ele mantinha as mãos postas em um pedido de desculpa, e foi difícil não sorrir de volta.

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