5.

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Sexto dia

- Olha, olha... o nosso cliente habitual.- Lara profere, fazendo com que eu olhe para a porta e veja o João entrar na pastelaria.- É melhor ires atendê-lo. Como vocês ultimamente andam a conversar muito um com o outro...- Reviro os olhos ao notar o tom trocista na sua voz.

- Eu vou atendê-lo mas só porque estás ocupada com o pedido de outra mesa.- Dirijo-me à mesa, onde o João se encontra e o jogador sorri.

- Olá, namorada.- O rapaz diz em tom de brincadeira e deixo escapar um suspiro.

- Diz de uma vez o que queres... e não me faças perder tempo.

- Quero saber a que horas sais...

- O que é que tens a ver com isso? Que eu saiba, não combinamos nada para hoje.

- Bom... eu...- Ele coça a nuca num gesto atrapalhado que revela todo o seu nervosismo, algo que me faz rir.- É que apetece-me ir dar um passeio e... digamos que preciso de companhia.

- Estás a convidar-me para sair, Palhinha? A intensidade do treino afetou-te algumas partes do cérebro, não foi?- Pergunto a rir e o jogador do clube da cidade de Braga revira os olhos.

- Tu passas os teus dias aqui a trabalhar... não tens tempo para te distraires um pouco... e pensei que podíamos ir passear... nada de mais.

Olho para o meu relógio e constato que faltam apenas quinze minutos para o meu trabalho terminar. Uma parte de mim quer muito aceitar este convite, mas a outra parte tem um pouco de medo das consequências... se eu aceitar, tenho quase a certeza que o João vai passar os seus dias a pensar que eu me deixei levar por ele e eu não quero isso.

- Porquê eu? Tens cá os teus pais... já para não falar do facto de estares sempre a dizer que tens dezenas e dezenas de miúdas aos teus pés...

- Os meus pais decidiram ir passar o dia ao Gerês... e nenhuma dessas miúdas me desafia tanto como tu.- Não pude deixar de sorrir ao ouvir a sua justificação. É só um passeio... talvez não haja assim tantos problemas caso eu aceite.

- Saio daqui a quinze minutos.- Informo-o e o João assente, sem nunca parar de sorrir.- Enquanto esperas, queres alguma coisa?

- Uma água.

Volto para trás do balcão e volto a deparar-me com a expressão provocadora da Lara.

- Tantos sorrisos...- Ela diz e rio, ao mesmo tempo que abano a cabeça em sinal de negação. Esta miúda, é um verdadeiro cupido... vê amor em todo lado.- Tu tens um bonzão a tentar conquistar-te... já viste bem a tua sorte?

- Conquistar? Não digas parvoíces, Lara. Eu e o João somos completamente o oposto um do outro... e acredita que já para sermos simples amigos, temos de fazer um grande esforço.

- Ok... negaste a parte do "conquistar", mas não negaste a parte em que eu disse que ele era um bonzão.- Ela diz e não evito em soltar uma gargalhada.

- Tenho olhos na cara... não vou dizer que ele é feio se está à vista de toda a gente que ele é um rapaz bonito. E já que estás tão derretida pelo João, leva-lhe a água que ele pediu.

Os quinze minutos passaram praticamente a voar e depois de retirar a farda da pastelaria e vestir a minha roupa, vou ao encontro do João, que se encontra concentrado no ecrã do telemóvel.

- Estou pronta.- Digo, fazendo-o encarar-me.

- Ansiosa para o teu date com o João Palhinha?- Reviro os olhos e o jogador solta uma gargalhada.

- Primeiro, isto não é um date e segundo, não me faças arrepender do facto de ter aceite sair contigo.- O moreno ergue as mãos em forma de rendição e levanta-se da sua cadeira. Ambos saímos da pastelaria e dirigimo-nos para o seu carro.- Onde é que vamos?

- Estava em pensar em irmos até ao Bom Jesus... o que é que achas?- Aceito de imediato a sua proposta, pois, sempre adorei ir a este sítio tão emblemático da cidade de Braga e também de Portugal. O João começou a conduzir e o silêncio instalou-se entre nós. Silêncio esse que não se tornava desconfortável devido à musica que soava no rádio.

Durante o caminho, não pude deixar de observar o João por alguns momentos. Acho que começo a dar razão à Lara, quando ela diz que ele é um bonzão. Eu sei que ele é convencido, irritante, por vezes, um bocadinho idiota... mas é impossível não o achar muito atraente.

Pouco tempo depois, chegamos ao nosso destino e assim que saímos do automóvel, caminhamos lado a lado e confesso que me fazia falta sentir-me mais relaxada. E nada melhor do que o ar puro que se respira neste lugar, para nos relaxar.

- Este sítio é muito bonito... sempre que posso venho aqui.- O João diz e sorrio.

- Em Lisboa não há nada disto... só em Braga.- Digo a rir, fazendo-o soltar uma pequena gargalhada.

- Em Lisboa também há sítios muito bonitos... não me importo de ser o teu guia turístico quando lá fores.

- Não sei se confio muito em ti...- Respondo e o jogador finge-se de ofendido, fazendo-me rir.

Sentámo-nos num muro, onde éramos presenteados com uma vista privilegiada para a cidade minhota. Nunca pensei ser possível sentir-me tão calma ao lado do João... mas é o que está a acontecer.

- O meu irmão vem passar o próximo fim-de-semana a Braga...- O João comenta e encaro-o.- Por isso, no sábado, podias vir jantar a minha casa...

- Não sei porquê, mas já tinha um pequeno pressentimento de que este passeio trazia algo por trás... daqui a pouco tenho de jantar com a tua família toda, João!

- Vá lá, Maria... os meus pais adoram-te e... confesso que grande parte da minha família já sabe da tua existência.

- Não acredito nisto...- Murmuro.- O que é que tu vais dizer à tua família quando o nosso acordo terminar?

- Caso não te apaixones por mim, digo-lhes que acabamos porque não estava a resultar.- Bufo e o rapaz ri. Retiro o que disse quando referi que me sentia calma ao lado do João.- Vens ao jantar, certo?

- Vou... mas acredita que a tua sorte é eu estar a precisar daquele emprego.- Palhinha exibe um sorriso vitorioso e não consigo evitar um revirar de olhos.

Espero que tenham gostado!

Parece que já há progressos entre estes dois... e tenho de vos dizer uma coisa... este "date" promete!! 😁

Até ao próximo capítulo!
Beijinhos

Trinta dias ||João Palhinha||✔Onde histórias criam vida. Descubra agora