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Décimo nono dia

Acabei de sair da entrevista que pode mudar a minha vida... e confesso que me sinto confiante em relação a esta nova fase da minha vida. Segundo o diretor de recursos humanos, é praticamente certo que este emprego seja meu e faltam apenas acertar alguns pormenores. Depois de tantas dificuldades, finalmente recebo a recompensa por todo o esforço.

Com a devida autorização, decidi assistir aos últimos momentos do treino do João. Estou tão feliz e sinto uma necessidade enorme de partilhar esta felicidade com ele.

Quando chego ao local onde o treino decorria, reparo que o mesmo já chegou ao fim, pois os jogadores já se encontravam a ir para os balneários. Procuro pelo João e quando o encontro, o meu sorriso desvanece ao vê-lo conversar com outra rapariga. Conversa essa que fazia com que o moreno nem reparasse na minha presença. O sorriso que João esboçava deixava-me como que a ferver por dentro... e ela, como seria de esperar, derretia-se cada vez mais.

Depois de alguns instantes a tentar esperar para que o João reparasse que eu ali me encontrava, aproximo-me dos dois.

- Então? Por aqui?- João questiona visivelmente surpreendido e deixa um beijo na minha bochecha.

- É... decidi vir ter contigo... espero não ter interrompido nada.

- Não interrompeste nada... esta é a Carla. Era a nossa fisioterapeuta, mas decidiu trocar-nos...- João diz, fazendo a rapariga rir e confesso que lancei um sorriso um nadinha forçado.

- Vocês eram muito complicados... principalmente tu!- Os dois soltam uma gargalhada e não evito um revirar de olhos.

Mas será que esta conversa não chega ao fim?

- Admita lá, senhora fisioterapeuta... eu era o preferido.

- Continuas tão convencido!- Carla responde, provocando mais alguns risos.- Bom... eu tenho de ir embora... prometo que vou tentar assistir a mais treinos e gostei muito de matar as saudades que tinha tuas, Palhinha!

Porque é que ainda estás aqui?!

- Espero ver-te mais vezes!- João diz e ambos se despedem com um breve abraço.

- Então e tu, miúda? Como é que correu a entrevista?- O moreno questiona, assim que nos encontramos sozinhos.

- Correu bem.- Respondo sucintamente.

- Só isso?- Encolho os ombros e deixo escapar um suspiro.

- O que é que queres que diga mais? Correu bem e pronto.

- Já vi que estamos de bom humor... o que é que se passa? Conseguiste o emprego, certo?

- Consegui... e só vim até aqui para te dizer isso mesmo e para te agradecer mais uma vez.

Sentia-me estranhamente insegura em relação ao João. De um momento para o outro, tudo me parece tão incerto.. e essa incerteza assusta-me tanto.

- Bom... se estás assim por teres conseguido o emprego, nem quero imaginar como estarias se não tivesses conseguido...

- Que implicância, João! Eu estou ótima e muito feliz! Agora eu tenho de ir... tenho coisas para fazer. Falamos depois.- Quando estava prestes a virar costas, o meu braço é agarrado pelo jogador, impedindo-me de ir embora.

- Não gozes comigo, Maria! Já percebi que não estás bem...

- Sabes qual é o problema? É o facto de a tua preocupação ter surgido apenas depois da tua amiga ter ido embora! Pronto, já disse!

Deixo escapar um suspiro quando ouço uma gargalhada vinda do João. Começo a ficar arrependida por ter explodido desta forma, mas ao mesmo tempo, confesso que me sinto aliviada.

- Estás com ciúmes da Carla? Estou a gostar de ver...

- Eu não estou com ciúmes! Só estou irritada! Estive imenso tempo à espera que reparasses em mim e mesmo quando fui ter contigo, tu continuaste a agir como se eu não estivesse ao teu lado! Ela derretia-se toda por ti e tu estavas a gostar de ver isso!

- Obviamente que isso não são ciúmes...- Palhinha responde ironicamente e reviro os olhos.- Maria, a Carla era a nossa fisioterapeuta... somos amigos... apenas isso.

- Imagino como seriam as sessões de fisioterapia... eu conheço bem o tipo de rapaz que és.

- A sério? E que tipo de rapaz é que eu sou? É que para estares a ter essa reação, não me deves conhecer assim tão bem!

- És o tipo de rapaz que quer todas ao mesmo tempo! Mas eu não vou ser mais uma, João! Lamento informar-te, mas o meu nome não vai aparecer na tua longa lista de conquistas!

- Pensei que me conhecias bem melhor... ainda não te dei provas suficientes de que a única que eu quero és tu?!

- Não me faças de parva, João! Tu só te lembraste da porcaria da entrevista quando aquela tal Carla foi embora! Enquanto falavas com ela, praticamente nem olhavas para mim!

- Eu, sinceramente, não estou a perceber esta tua atitude! Eu é que sou parvo por não desistir de ti! Ando sempre atrás de ti, faço tudo para que te sintas bem comigo... e o que é que eu recebo em troca? Crises de ciúmes de uma menina mimada! Sabes que mais? Eu nem sei porque é que me esforço tanto... Nós nem sequer somos nada um ao outro!

Estas palavras foram um autêntico murro no estômago. Engulo em seco e tento conter a vontade de chorar que se apoderara de mim. Durante instantes intermináveis, o silêncio tomou conta de nós, como se ambos estivéssemos a assimilar o que havia sido dito pelo João.

- Realmente... não somos mesmo nada um ao outro. E fui uma estúpida por ter acreditado no contrário.

Fui ingénua ao acreditar que as diferenças existentes entre nós não iriam interferir naquilo que poderíamos construir. Apesar de tudo, o João era a minha felicidade no seu estado mais puro... mesmo que ele não tivesse consciência disso.

Espero que tenham gostado!!

Antes de mais, peço desculpa por estar a publicar tão tarde, mas só agora tive um tempinho para escrever!

Em relação ao nosso casal... acham que vão conseguir ultrapassar este obstáculo? Às vezes, reagir de cabeça quente dá muito mau resultado e aqui está a prova... 😔

Até ao próximo capítulo!
Bom Carnaval! 😘

Trinta dias ||João Palhinha||✔Onde histórias criam vida. Descubra agora