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Segundo dia

Depois de um dia super movimentado na pastelaria, o que mais me apetecia era deitar-me na minha cama e dormir horas e horas. Mas como eu caí na asneira de aceitar fazer parte do plano do João, hoje tenho de ir jantar a casa dele. Como, ontem, eu vim embora depois do lanche, a mãe do João fez questão que eu fosse lá jantar hoje e claro que o idiota do Palhinha não facilita as coisas e decidiu que um jantar de família seria uma ótima ideia.

Enquanto escolho uma roupa, o meu telemóvel toca e reviro os olhos ao ver o nome João no ecrã do mesmo.

- O que é que queres?

- Tanta violência... não podes ser assim, princesa.

- João, é melhor começares a tratar-me pelo meu nome ou, quando estiver ao teu lado, não me responsabilizo pelos meus atos.- Ouço uma gargalhada da sua parte e deixo escapar um suspiro.- Diz lá o que é que queres!

- Quero saber se precisas que te vá buscar a casa... sou um gentleman, por isso, se quiseres...
- Não quero. Quanto menos tempo passar contigo, melhor.

- Vá lá, Maria... estou a sair do treino agora, por isso não me custa nada passar em tua casa. E além disso, seria tudo muito mais credível se eu fosse buscar a minha namorada a casa, para não a deixar vir sozinha.

- Eu vou arrepender-me tanto disto...- Murmuro.- Tudo bem. Mas é bom que te despaches, porque não estou com paciência para ficar à tua espera. Eu mando-te uma mensagem com a morada.

- Combinado. Até já, bebé.- Quando estava prestes a responder, a chamada termina. Mas quem é que ele pensa que é para me chamar de bebé? Nunca convivi com alguém tão... tão parvo.

Depois de lhe mandar a mensagem, visto-me e logo a seguir coloco uma maquilhagem suave no rosto. Assim que me encontro pronta, saio do meu quarto e vou à cozinha, onde se encontram os meus pais. Ainda não lhes disse nada sobre o meu futuro emprego... prefiro dizer-lhes quando tiver a certeza de que tenho o emprego. Sinceramente, não sei se aguento passar um mês a fingir ser namorada do João... ele põe à prova o meu pior lado e detesto o facto de ele conseguir me pôr completamente fora de mim.

- Estás tão bonita, filha... com quem é que vais jantar?- A minha mãe questiona e encolho os ombros, desvalorizando o seu elogio.

- Estou normal, mãe. Não é nenhum jantar especial... vou com a Lara.- Se eu lhe dissesse a confusão em que estava envolvida, a minha mãe nunca iria acreditar.

Momentos mais tarde, recebo uma mensagem do João a informar-me que já se encontra à porta de minha casa. Despeço-me dos meus pais e saio de casa. Respiro fundo antes de entrar no carro do jogador e assim que o faço, encontro-o com aquele sorriso que me provoca umas sensações estranhas.

- Então, bebé, nem um beijo me dás? Sabes que vamos ter de dar muitos, certos?

- Não, não vamos. Agora cala-te e começa a conduzir antes que eu me arrependa de ir a este jantar.- O jogador da equipa minhota ergue as mãos em forma de rendição e inicia a sua condução.

- Os meus pais gostaram muito de ti...- Ele diz, quebrando o silêncio que se havia instalado.- Dizem que fazemos o casal perfeito.- Solto um riso irónico, provocando um sorriso no rosto do João.

- Se os teus pais soubessem a peste que tu és, iriam ter consciência de que é impossível tu teres alguém... ninguém te aguenta.

- Isso dizes tu. Muitas miúdas davam tudo para estar no teu lugar. Elas não me resistem... não posso fazer nada.

- Bom... para chegares ao ponto de precisares de alguém para fingir ser tua namorada, acho que não deves ter assim tantas miúdas atrás de ti.- Ele encara-me durante breves segundos e não evito em soltar uma pequena gargalhada.

- Já te disseram que és insuportável?- Encolho os ombros e rio.

Confesso que adoro vê-lo irritado. Dá-me um certo gozo provocar o João e fazer com que aquele seu lado convencido desapareça por alguns momentos.

Poucos minutos depois, chegamos à habitação do jogador e encaminhamo-nos para a entrada da moradia. O João entrelaça a sua mão na minha e assim que as nossas mãos se tocaram, senti um friozinho na barriga. Isto não é normal. O jogador abre a porta e assim que nos encontramos no interior da casa, dirigimo-nos para a sala.

- Maria! Que bom ver-te!- A mãe do João vem ao meu encontro, cumprimentando-me com dois beijos.

- Olá dona Susana! Como é que está?

- Está tudo bem, obrigada. Olhem o jantar está quase pronto... é arroz de pato... gostas, Maria?

- Sim, gosto muito!- Afirmo, a sorrir.- Precisa de ajuda?

- Não, querida. O meu marido foi comprar uma sobremesa deliciosa que nós encomendamos e assim que ele chegar, começamos a jantar.- Dirigimo-nos para o sofá, e sentamo-nos no mesmo.- Então, Maria... o João disse-me que és licenciada em gestão...

- Sim... neste momento, estou perto de conseguir um emprego nessa área...- Falo, ao mesmo tempo que encaro o João. Só para o relembrar do nosso acordo.

- E tenho a certeza que vais conseguir, amor.- O João profere e quando olho para ele, os meus lábios são surpreendidos por um beijo inesperado. As nossas bocas moviam-se numa sintonia que me parecia perfeita. O beijo durou breves momentos, mas confesso que senti que o tempo tinha parado naqueles instantes. Os nossos olhares cruzam-se e o jogador exibe um sorriso vitorioso no rosto, provocando-me uma enorme vontade de lhe chamar estúpido, idiota, parvo e outras tantas coisas.

Volto a encarar a mãe do João, que se encontra com um sorriso no rosto. Se ela soubesse o quanto o filho dela me irrita, não estaria com este sorriso de certeza.

- Apoio não te falta.- Ela diz.- Tenho a certeza que o João te vai ajudar em tudo o que precisares. Bom... vou ver o jantar. Filho, anda ajudar-me a tirar os pratos do armário.- A dona Susana sai da sala e quando o João estava prestes a fazer o mesmo, agarro no seu braço, e o rapaz encara-me.

- Merecias comer uma tablete inteira de chocolate estragado e passar dias e dias sem conseguir sair da casa de banho!- Ele gargalha e abana a cabeça em sinal de negação.

- Não precisas de fingir que não gostaste. Aliás, se a minha mãe não estivesse connosco, tenho a certeza que, a esta hora, já estávamos no quarto e não na sala.

- Estúpido...- Murmuro e, antes de sair da sala, o jogador pisca o olho, fazendo-me ficar ainda mais irritada.

Espero que tenham gostado!

O primeiro beijo entre a Maria e o João não foi o beijo mais romântico de sempre... mas destes dois já se espera tudo, certo? 😂

Gostava muito de saber o que estão a achar da história até agora! Gosto muito de ler os vossos comentários e a vossa opinião é muito importante!

Até ao próximo capítulo!
Beijinhos!

Trinta dias ||João Palhinha||✔Onde histórias criam vida. Descubra agora