8.

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Oitavo/Nono dia

Despeço-me da família do João e ambos nos dirigimos para o seu quarto. Não consigo explicar porquê, mas sinto-me algo nervosa. Porque é que eu fui aceitar dormir com o João, outra vez? Ultimamente, tenho olhado para ele de forma diferente... tão diferente que um beijo dele já não me irrita, mas deixa-me a pensar muito nele... e a desejar por mais um beijo.
O João retira a sua camisola e não consigo evitar em observar cada pormenor seu.

- Vai ao meu armário... está lá a camisola com que dormiste no outro dia.- Ele diz ao mesmo tempo que retira as suas calças. Assinto e vou até ao armário, retirando de lá a t-shirt.- Se te quiseres despir à minha frente, não me importo.

- Isso querias tu.- Respondo antes de lhe oferecer um sorriso cheio de ironia.

Dirijo-me à casa de banho e em pouco tempo, retiro a minha roupa e visto a t-shirt do João. Quando volto ao quarto, o jogador encontra-se deitado na cama a mexer no telemóvel. Deito-me ao seu lado e confesso que me certifiquei de que nos encontrávamos a uma distância considerável.

- Estás tão longe de mim... eu não mordo, bebé. A não ser que me peças muito...- Reviro os olhos e o rapaz deixa escapar uma gargalhada.

- Estou sem paciência para ti. Vou dormir. Até amanhã.

- Até amanhã, boneca.




Acordo devido ao barulho proveniente da casa de banho. O facto de estar a dormir num lugar diferente, torna o meu sono mais sensível do que o normal. Segundos depois, vejo o João sair da divisão.

- Acordei-te?- Ele questiona e encolho os ombros.- Desculpa... tentei fazer o mínimo de barulho possível.

- Que horas são?

- Três da manhã.

- Agora perdi o sono... obrigada, João!- Profiro.

- É normal... costumo ter esse efeito nas mulheres. Elas nem dormem só a pensar em mim.- Reviro os olhos e bufo e sinal de frustração.

- Pois... as mulheres nem conseguem dormir ao pensar no quão idiota és.

- Também te amo, bebé.

O rapaz volta a deitar-se na cama, com o seu corpo voltado para o meu. Estávamos com os nossos rostos frente a frente e tudo o que me passava pela cabeça foi o beijo que demos ao jantar.

- Queres conversar um pouco? Pode ser que o sono regresse...- Ele diz, num tom carinhoso e sorrio.

- As conversas contigo deixam-me ainda mais agitada... por isso, não me parece que conversar seja uma boa ideia.- Respondo e o jogador do Braga ri.

- Porque é que estás sempre à defesa? Não me dás sequer uma oportunidade para te conhecer mais um bocadinho.- A sua pergunta apanhou-me totalmente desprevenida e se há coisa que me irrita no João é que ele sabe como me deixar sem saber o que dizer ou fazer.

- Que razão teria um rapaz como tu para me querer conhecer? Como tu próprio dizes, tens a miúdas que quiseres... e eu quero tudo, menos ser só mais uma dessas miúdas.

- E que razão teria um rapaz como eu para não te querer conhecer?

- João... eu sou uma rapariga que passa os dias a trabalhar, que faz um esforço enorme todos os meses para conseguir que o dinheiro chegue para o mês todo, que raramente vai a festas e jantares porque simplesmente não pode fazer isso. Sou uma rapariga que esteve prestes a ficar sem casa por duas vezes... porque os pais não conseguiam pagar a renda. Eu comecei a trabalhar no dia a seguir a ter feito dezoito anos... Na faculdade, ficava doente imensas vezes porque eu não fazia mais nada senão estudar e trabalhar. E agora... com o curso feito, estou a trabalhar na merda de uma pastelaria... a servir bolos e cafés.  A tua vida é muito mais simples do que a minha... por favor, não queiras entrar no meu mundo de problemas.- Limpo algumas lágrimas que já percorriam o meu rosto e engulo em seco ao notar o quão intenso é o olhar do João sobre mim. Nunca me tinha aberto assim com ninguém. Nunca o tinha conseguido fazer. E agora o João aparece e consegue desconstruir-me por completo.

Saio da cama e vou apressadamente para a casa de banho. Limpo o meu rosto com água e respiro fundo antes de voltar ao quarto. Assim que o faço, o João encontra-se sentado na cama. Quando dá pela minha presença, Palhinha vem até mim e pega na minha mão.

- O que tu acabaste de me dizer não me vai afastar de ti... pelo contrário, deu-me vontade de te conhecer ainda mais. Tu não mereces passar por tudo isso, Maria... mas a minha avó sempre me disse que as maiores batalhas são dadas às pessoas mais corajosas. E tu és das pessoas mais fortes que já conheci.

- Às vezes o preço a pagar por ser tão forte, não é o melhor... eu reprimo tanto as minhas emoções que chego a um ponto que já não aguento mais. Mas... esquece o que se passou agora. Foi só um desabafo. Vamos voltar a dormir, é o melhor.

Subitamente, o João toma posse dos meus lábios e nunca um beijo me soube tão bem! As nossas bocas complementam-se com movimentos perfeitos e um arrepio percorre o meu corpo quando as mãos do João começam a subir lentamente a minha camisola. Afasto os nossos lábios e consigo ouvir na perfeição as nossas respirações ofegantes.

- Não queres?- Ele pergunta num sussurro.- Maria, não te preocupes com o amanhã. Vamos aproveitar o agora. Eu consigo ver nos teus olhos que desejas tanto isto como eu.

- Agora já lês os olhos das pessoas?- Questiono, provocando um sorriso no rosto de Palhinha.

- Os teus, sim.

- Aldrabão!- Respondo a rir e puxo-o para mais um beijo.

Beijo esse que nos conduziu para uma noite em que o desejo e o prazer se uniram. As respirações ofegantes, os gemidos involuntários e o calor que percorria os nossos corpos demonstravam o quanto nos queríamos um ao outro.

Espero que tenham gostado!

E aí está o nosso querido casal a fazer imensos progressos!! 😍 Gostaram??

Até ao próximo capítulo!
Beijinhos

Trinta dias ||João Palhinha||✔Onde histórias criam vida. Descubra agora