16.

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Vigésimo dia

Encontro-me em frente à porta de casa do João. Desde a nossa discussão de ontem, nunca mais trocamos uma única palavra. Ele não foi à pastelaria após o treino. Não me mandou uma única mensagem. E nem sequer uma chamada. Coisas tão simples... que me fazem tanta falta.

Eu gosto tanto dele. Estou apaixonada por ele. E só agora percebi isso. Só agora percebi que não o posso perder. Que a sua presença se tornou fundamental na minha vida.

Sinto-me tremendamente arrependida... eu nunca devia ter reagido daquela maneira. Era só uma rapariga. Mas eu senti-me tão insegura, que não consegui controlar estes meus ciúmes estúpidos.

E agora, aqui estou eu. A colocar o orgulho de lado. A deixar transparecer as minhas fragilidades e os meus pontos fracos. Não tenho dúvidas de que, neste momento, o meu maior ponto fraco é o João.

Toco à campainha e meros segundos mais tarde, é a mãe do João quem me abre a porta.

- Olá, Maria...

- Olá, dona Susana... eu vim falar com o João.

- Pois, querida... infelizmente, ele não está. Veio a casa depois do treino, mas depois saiu logo... não faço a mais pequena ideia sobre onde ele terá ido.- Deixo escapar um suspiro de frustração e a mãe de Palhinha esboça um sorriso fraco.- Querida, eu não sei o que se passou... mas a verdade é que não tive qualquer dúvida que tinha acontecido algo entre vocês, pois, desde ontem que o João tem estado muito em baixo. O que eu te quero dizer é que tudo se resolve, por mais difícil que pareça.

- Acha mesmo? A culpa foi minha e não sei se o João me vai desculpar...

- O feitio dele não é fácil, é verdade... mas vocês gostam tanto um do outro e estão tão apaixonados...

Rapidamente, começo a pensar em que sítio o João se pode encontrar... e logo um sítio me vem à mente. O nosso sítio.

- Obrigada pela ajuda, dona Susana.- Agradeci genuinamente e despedi-me da mais velha com dois beijos. Volto a dirigir-me para o meu carro e de imediato início o meu trajeto.

Minutos mais tarde, cheguei ao meu destino. Bom Jesus. Este é o lugar predileto do João. E a partir do momento em que ele me trouxe até aqui, também passou a ser o meu.

Caminho até umas escadas, onde eu e o João nos costumávamos sentar e conversávamos horas e horas. Ali está ele. Sentado a observar toda a paisagem na frente dos seus olhos. Paisagem essa que, neste momento, é brindada pelo pôr-do-sol. Caminho até ao jogador e sento-me ao seu lado. As palavras insistem em não querer sair e a pouca coragem que ainda me restava desaparece quando o moreno me encara durante breves instantes.

- O que é que estás aqui a fazer?- Ele questiona, deixando de olhar para mim.

- Eu quero falar contigo, João. Fui a tua casa e como não estavas lá... deduzi que estivesses aqui.- Explico num tom de voz baixo.

- Pois... mas eu quero estar sozinho.- A sua frieza estava a destruir-me e deixei escapar um suspiro pesado.

- João... eu quero falar contigo. E não vou embora enquanto não esclarecermos tudo.

- Para mim, está tudo mais do que escalarecido. O que eu tenho feito até agora, pelos vistos, não tem significado nada para ti... tu continuas a não perceber que és a única rapariga de quem eu gosto e com quem eu quero estar.

- Não é nada disso. Eu sei que gostas de mim e acredita que nem sei como te agradecer tudo o que tens feito por mim. João, tu foste o melhor que me aconteceu... contigo tudo é mais simples... e eu sinto-me tão bem contigo... mas, sei lá... eu tenho medo.

- Mas tens medo de quê?! Foda-se, Maria... eu já não sei o que fazer mais... eu gosto de ti, porra. E, sinceramente, não entendo o porquê daquela crise de ciúmes. Tu não és mais uma... e fiquei muito desiludido ao perceber que pensas o contrário. Se me conhecesses minimamente bem, não terias qualquer dúvida sobre o que sinto por ti.

- Tenho medo de te perder!- Acabo por confessar num tom de voz mais elevado e o jogador volta a encarar-me.- João, eu própria não entendo o porquê da minha reação... o problema é que, às vezes, tenho a sensação que não sou o suficiente para ti... tenho medo que te fartes das minhas inseguranças, que encontres alguém melhor...

- Esses teus medos são muito estúpidos...- Palhinha responde e exibo um encolher de ombros.- Maria, tu és tudo aquilo que eu quero e preciso. E acho que já te dei provas suficientes disso mesmo.

- Desculpa.- Murmuro. Um arrepio percorre o meu corpo quando a mão de João entra em contacto com a minha.

- Eu não quero que me peças desculpa. Quero que confies em mim... e em nós. Eu não vou desistir de ti, miúda... por favor, não tenhas medo daquilo que nos podemos tornar. Deixa as inseguranças de lado e deixa-te levar.- Exibo um sorriso fraco e Palhinha acaricia suavemente um dos lados do meu rosto.- E em relação àquilo que eu disse... sobre não sermos nada um ao outro... eu só te peço para esqueceres. Disse isso da boca para fora.

- Acho que ambos dissemos coisas que nunca deveriam ter sido ditas. Eu sei que sou complicada, João... mas eu prometo que vou tentar mudar.

- Não quero que mudes... eu gosto de ti assim... complicada. E não há desafio mais bonito do que conquistar esse teu mau feitio.- João responde num tom divertido e deixo escapar uma gargalhada.

Sou presenteada com o abraço de que tanto precisava. O aconchego dos seus braços transmitiu-me todo o carinho tão característico do João. Instantes mais tarde, os seus lábios unem-se aos meus e este beijo deu-me a certeza de que ele é o tal. Eu preciso tanto do João...

- Adoro-te.- Sussurro quando os nossos lábios se afastam durante meros segundos.

- Eu também te adoro, rabugenta!- Reviro os olhos, fazendo o rapaz gargalhar e, novamente, unimos os nossos lábios.

Espero que tenham gostado!

Parece que estes dois decidiram parar de ser teimosos e fizeram as pazes!! 😍

Como já devem ter reparado, o rumo da história está a chegar ao trigésimo dia... e com isso o final também está próximo. Portanto, vamos entrar na reta final da história deste casal tão especial! 😍

Até ao próximo capítulo!
Beijinhos 😘

Trinta dias ||João Palhinha||✔Onde histórias criam vida. Descubra agora