PARTE 2: A traição

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muitas revelações no capítulo de hoje.

***

Descobri rapidamente que não gosto dessa história de passagens secretas.

Havia pouca luz naquele túnel estreito. Passamos por lâmpadas espaçadas a vários metros de distância umas das outras, mas apenas duas delas não estavam queimadas naquele longo corredor. A principal fonte de luz que iluminava nosso caminho veio de um aplicativo para celular que o transformava numa lanterna, refletindo de forma esmaecida o piso de madeira polida. Mantive minha mão agarrada firmemente na parte posterior da camisa de Liam para não escorregar nas tábuas apodrecidas.

A proximidade desse corredor com o oceano deixava tudo coberto de umidade e eu não me atrevi a tocar nas paredes que brilhavam sob a luz fraca. O túnel era bem mais quente do que o solo logo acima, mas era úmido, com uma escuridão nauseante da qual eu estava desesperado para escapar. Parecia que a travessia ia durar para sempre, as paredes nos pressionando e parecendo ficar cada vez mais estreitas. Justamente quando eu estava me preparando para empurrar Liam para o lado e sair correndo pelo resto do caminho, paramos, e uma luminosidade brilhou em um alçapão logo acima. Liam torceu um anel de metal e empurrou, mas a porta não se mexeu. Ele puxou a argola mais duas vezes e o alçapão finalmente se soltou, liberando um som como de madeira se quebrando. Também não havia muita luz penetrando naquela nova sala em que tínhamos chegado, mas definitivamente era mais iluminada que o túnel escuro que tínhamos acabado de percorrer, realmente um alívio bem-vindo.

— Suba! – mandou, e percebi que havia uma escada de metal presa na parede oposta.

O frio do metal subiu pelas minhas mãos quando escalei os degraus pela curta distância que me separava do novo aposento. Havia uma diferença marcante na temperatura e na umidade do ambiente, e me dei conta de que estávamos novamente em casa. Só tive um momento para reconhecer a despensa da cozinha, com as prateleiras forradas de latas e produtos embalados, antes que a porta fosse quase arrancada das dobradiças ao ser aberta de repente. Cegado por aquela luz repentina, dei um salto de surpresa e levantei as mãos em sinal de rendição quando três armas apontavam para meu rosto.

— Relaxem. – A ordem veio de baixo, de Liam.

Após um momento de hesitação, as armas foram abaixadas e eu me sentei no chão da despensa, meus pés ainda dentro do buraco do alçapão. Os guardas recuaram quando Liam saiu da abertura úmida. Afastei-me um pouco para o lado, para lhe dar espaço, não confiando na estabilidade de minhas pernas gelatinosas depois daquele susto, mas Liam me ergueu do chão sem esforço e me colocou de pé, me acompanhando para fora daquele pequeno aposento.

A sala de estar e a cozinha estavam cheias de pessoas, principalmente seguranças, e Harry estava no meio desse grupo. Estava ladeado por dois homens, e, quando apareci, ele rapidamente me olhou de cima a baixo. Pensei ter visto certo alívio passar brevemente em seu rosto antes que sua máscara sorridente se acomodasse novamente no lugar.

Liam fixou seu olhar gelado no irmão, caminhando em direção ao homem.

— Se você não me disser o que...

— Arcanjo.

Liam fez uma pausa.

— O que é Arcanjo?

— Arcanjo não é uma coisa, mas sim uma pessoa. – Harry se mexeu desconfortavelmente no mesmo lugar, um olhar petulante preso no rosto. – Não podemos tirar essas algemas? – perguntou ele, sacudindo a fina corrente. – Meus pobres ombros não irão suport...

— Harry – rosnou Liam, cortando o irmão e ignorando seu pedido. – Quem é Arcanjo?

— Um assassino, e muito bom naquilo que faz. E caro também. – Ele revirou os olhos. – Ao contrário do que você pode pensar, não fui eu quem o contratou. E até tentei avisá-lo assim que soube dessa contratação.

Anything He Wants (Primeira Temporada) » ziamOnde histórias criam vida. Descubra agora