PARTE 2: O encontro

5.7K 466 445
                                    

boa leitura meus lindxs 

~*~



O dia transcendeu em uma confusão mental completa. Não importava quanto eu tentasse me concentrar em meu trabalho, simplesmente não conseguia. Fui obrigado a checar tudo duas vezes, e depois três, para me certificar de que tinha feito as coisas certas. Minha tarefa, de fazer a entrada de dados, era um trabalho tedioso e que não exigia o uso do cérebro, mesmo assim eu devia continuar inserindo todos eles. Minha mente de vez em quando me dava alguns flashes do elevador, daquele belo desconhecido e do primeiro orgasmo público que eu tivera, mas, quando me obrigava a voltar aos eixos, não conseguia me lembrar do que eu havia digitado no computador.

Isso que eu fizera no elevador era tão diferente de mim... Eu sempre fui uma criatura sexual, mas nunca do tipo que soubesse o que fazer com relação a isso. Os rapazes nunca me chamavam para sair; eu não costumava ser convidado para festas ou algo semelhante, mesmo na faculdade. Os poucos namorados que tive, se é que eles poderiam ser chamados assim, não tinham ficado comigo por muito tempo. Minha vida naquele momento era chata, mais por causa da necessidade, afinal, os empréstimos para quitar a faculdade não se pagavam sozinhos, e o fato de viver perto da cidade só fazia com que as coisas fossem ainda mais apertadas, mas eu não conseguia manter muitas relações com a maioria dos homens. Eles queriam sair para ir a festas, eu queria ficar quieto, lendo; eles liam revistas de esportes, eu preferia a National Geographic.

Namorar, além de ser a menor das minhas preocupações no momento, definitivamente não era um de meus pontos fortes.

Apesar de minhas tentativas para esquecer toda a situação no elevador, na hora do almoço eu queria desesperadamente meu vibrador e um chute no traseiro. Minhas ações e minha resposta instantânea para aquele desconhecido eram muito problemáticas, independentemente daquilo que eu fantasiasse em minha vida. Esse era o tipo de coisa que jamais poderia acontecer novamente, não importava o quanto eu quisesse que se repetisse. Eu precisava desse trabalho, mesmo sendo monótono, e não podia me dar ao luxo dessas distrações. O problema é que meu trabalho não era algo que exigisse muito esforço intelectual, para início de conversa, e eu não conseguia parar de lembrar como os lábios dele eram suaves, e como os dentes mordiscando a pele de meu pescoço causavam arrepios em minha espinha. Suas mãos enormes traziam uma promessa dupla de força e de ternura que meu corpo se recusava a esquecer.

Aquele foi um longo dia.

Ao final do expediente, assim que consegui cumprir minha cota diária mínima de processos finalizados e arquivados, estava contemplando a ideia de descer os 14 andares pela escada até o térreo quando finalmente optei pelo elevador, verificando antes se estava livre do desconhecido. Atravessei o estacionamento do subsolo enquanto a maior parte da multidão se dirigia para correr atrás dos táxis na frente do prédio. Poucas pessoas podiam pagar o estacionamento no subsolo; e certamente não um temporário novato, mesmo se eu tivesse um carro. Mas cruzar pela garagem era uma rota bem mais rápida até a estação do metrô que ficava a duas quadras de distância, e ninguém jamais havia me alertado de que pegar atalhos era algo fora dos limites.

Desci depressa o último lance de escadas até sair para o ar frio da tarde que preenchia a garagem do subsolo. O guincho de pneus veio de algum lugar naquele complexo de vários níveis, mas não vi mais ninguém, apenas as fileiras de carros. Esfregando meus braços, a chicoteada do ar gelado prometendo temperaturas mais baixas assim que o sol se pusesse, eu me virei em direção à guarita, desejando que tivesse trazido algum casaco para cobrir meus braços. Era o fim da primavera, mas o tempo de repente tinha ficado mais frio nos últimos dias e eu não estava vestido apropriadamente.

Anything He Wants (Primeira Temporada) » ziamOnde histórias criam vida. Descubra agora