PARTE 3: A traição

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No começo, eu não entendi muito bem o que ele quis dizer. A sala inteira ficou em silêncio por um momento, então Liam estalou os dedos e apontou para Sophia.

Imediatamente, os dois homens que a haviam escoltado para dentro do prédio agarraram os braços da jovem, segurando-a firmemente no lugar. Só então o significado daquilo que Harry havia revelado foi absorvido, e eu engasguei com a revelação.

— Sophia contratou o assassino... – A frase, que resumia meu próprio entendimento confuso da situação, veio de Liam. A incredulidade penetrou em sua voz, na hora em que ele repetiu as mesmas palavras, só que dessa vez com a entonação de uma pergunta: – Sophia contratou o assassino?

— Nunca contrarie um russo... – respondeu Harry, revirando os olhos e dando um suspiro. — Parece que a verdade inerente a esse velho ditado se estende para além de minha profissão atual.

— Eu fiz isso por você! – gritou a morena a Harry, lutando para se libertar das garras dos guardas. — Eu pensei que era isso que você queria!

— O que eu queria? – zombou Harry. — Você fez isso sozinha, não venha agora querer jogar a culpa para cima de mim.

Sophia olhou para os seguranças à sua volta, mas continuou falando para Harry:

— Você disse que o odiava, que queria que ele...

— Eu jamais quis vê-lo morto... – rosnou Harry. Sophia se encolheu.

— Você sempre falava dele... – persistiu ela. A morena mudou para o russo por um segundo, mas depois se conteve: — Quando ficava bêbado, você sempre falava sobre como queria voltar para casa e...

— E matar meu irmão me traria de volta para meu lugar? – o grito de Harry se misturou a uma risada amarga. – Sophia, você não é uma mulher burra, mas todas as evidências nesta situação mostram o contrário! Olhe para mim! – E ele abriu os braços. — Tenho milhares de pessoas mortas em minhas mãos. Pode ser que meu dedo não estivesse nos gatilhos, mas fui eu quem providenciou as balas, as armas. Estou coberto pelo sangue delas... Então, como eu poderia voltar para casa depois de tudo que fiz, de tudo que permiti que acontecesse?

O queixo de Sophia tremia enquanto meu próprio coração ficava apertado com a óbvia dor daquele homem. Ela cantarolou baixinho alguma coisa em sua língua nativa e estendeu a mão para Harry, mas ele a afastou com um tapa.

— Não fique se achando, minha querida. – Sua fúria fria cortou o ar, concebida apenas para infligir dor. — Eu nunca te amei. Por que alguém teria alguma afeição por uma ferramenta inteligente?

O sangue foi completamente drenado do rosto de Sophia enquanto ela ficava boquiaberta, olhando para Harry em descrença.

— Mas você me disse que...

Ele acenou com a mão no ar, revirando os olhos.

— As palavras significam pouco, você já devia saber disso. Sua utilidade, bem como minha paciência, acabou. Eu não preciso mais de seus dramas. – Ele a olhou friamente e, em seguida, fez um movimento de enxotar com as mãos. – Você pode ir embora agora.

Uau. Eu assisti a toda àquela cena sem saber o que pensar. Por mais que eu detestasse aquela mulher quando a conheci na França, meu coração estava com ela naquele momento... O que era de fato uma bobagem, levando em conta tudo o que ela tinha feito para nos ferir. Mas, não sei, naquela hora eu tive dificuldade para acreditar que a linda russa tinha feito uma coisa daquelas...

Sophia assumiu uma cópia de sua altiva pose anterior, mas a devastação desenhada em seus olhos era terrível; a espinha dorsal de aço e a atitude que a sustentavam tinham desaparecido, quebradas pelas palavras de Harry. Uma lágrima solitária abriu caminho naquele rosto de marfim.

Anything He Wants (Primeira Temporada) » ziamOnde histórias criam vida. Descubra agora