Capítulo 14

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- Rebeca levanta logo daí, anda logo, abre essa porta agora.

A voz era do meu pai gritando constantemente, e pelo tom ele estava furioso, pensei em não abrir mais seria pior, me levanto, vou até a porta, abro me deparo com meus pais e meus irmãos, olhei espantada e disse: - O que está acontecendo? Que escândalo e esse?

Então minha irmã entra na frente e diz: - Alá gente ela está dando de desentendida, essa sapatona nojenta.

Na mesma hora minhas pernas amoleceram, foi muito mais que um soco na cara, fiquei sem reação, minha mãe me olhava com olhos cheio d'água, como em um despertar falei:

- O que você disse Luíza? Aliás o que faz aqui?

Meu pai me puxou pelo braço e disse:

- Que história é essa de você ser lésbica? Eu te falei que não queria, que não aceitaria, você é uma nojenta Rebeca, não adianta mentir eu já estou sabendo de tudo.

Olhei nos olhos dele e disse:

- Para de palhaçada e me solta, de onde vocês tiraram isso? Foi você né mãe, eu te disse o que você faria se eu FOSSE não disse que sou! E outra eu não sei o que todos estão fazendo aqui a essa hora da manhã, o que eu sou ou deixo de ser e problema meu, não diz respeito a nenhum de vocês, eu acordo cedo todo dia, trabalho dou duro, ajudo em casa e não posso viver minha vida como eu quero? Me poupe vocês que são nojentos, eu não aguento mais isso, minha irmã sai de longe para vir se intrometer na minha vida, não tem o que fazer na sua casa não? E você pai vem gritando aqui achando que vai me intimidar, você é um cínico, só sabe humilhar as pessoas ao seu redor, principalmente a minha mãe que é uma besta e aceita tudo, ah e parabéns viu mãe eu pensei que você era confiável, mas estou vendo que não.

Eu estava nervosa, falei tudo aquilo sem pensar nas consequências que aliás foram grandes. Meu pai escutou tudo aquilo e na última fala me deu um tapa no rosto que me fez cair no chão, minha mãe empurrou ele e veio até o chão me pegar, meu irmão foi para cima dele, foi horrível de uma hora para outra minha vida virou um inferno, ele gritava dizia que não iria aceitar, que eu teria que ir embora daquela casa ou voltar a namorar com homem se quisesse continuar morando ali, me levantei chorando e disse para ele:

- Bem diferente de vocês eu nunca vou enganar ninguém, muito menos viver uma mentira, quer que eu vá embora da sua "casa" ok eu vou, e por favor não voltem para me procurar quando eu estiver bem.

Minha mãe e meu irmão ficaram pedindo para mim não ir, mas eu me senti muito humilhada não ia aceitar isso, então entrei no meu quarto arrumei minhas coisas, eu não tinha ideia de onde iria, então meu irmão chegou perto de mim e disse:

- Rebeca não vá.

Respondi: - Não vou ficar aqui Augusto, ele não me quer aqui então eu saio.

Ele responde: - Mas para onde você vai? Você tem algum dinheiro?

Eu tinha um dinheiro guardado que eu ia comprar um netbook para usar na faculdade, eu ia prestar o vestibular no fim do mês e se eu conseguisse a vaga compraria, mas como deu tudo errado teria que usar esse dinheiro, olhei para ele e disse:

- Eu tenho um pouquinho, mas eu trabalho não ganho um salário inteiro, mas agora que vou fazer 18 vou ver se eles podem aumentar, mesmo que eu mude de função.

Ele me olhou e disse: - Olha Rebeca, eu tenho um dinheiro posso te dar, te ajudo a arrumar um lugar eu estou ganhando bem mesmo, posso te ajudar.

Eu não queria aceitar, mas naquele momento não estava podendo ser orgulhosa e ele era a única pessoa que estava realmente preocupado comigo, então abracei ele e pedi obrigado. Terminei de arrumar minhas coisas, pedi uma carona para meu irmão rumo até a casa de Heloísa, no caminho eu chorava de raiva de toda aquela situação, eu sabia que seria difícil mas começaria um novo ciclo da minha vida. Cheguei na casa da Heloísa, abracei meu irmão e combinamos de nos encontrar amanhã no horário do almoço, entrei e apertei a companhia ela abriu me olhou e disse:

- O que aconteceu Re? Que mala é essa? Não me diga que..

Nem deixei ela terminar de falar e apenas abracei ela e chorei, eu precisava daquilo e ela era a melhor pessoa para me ajudar, ela me abraçou e me levou até o sofá, nos sentamos e eu estava um pouco calma e comecei a contar a ela tudo aquilo que aconteceu e perguntei:

Mana será que eu posso ficar aqui até conseguir um lugar? Eu prometo que vai ser rápido, meu irmão vai me ajudar e coisa de no máximo uma semana, eu ajudo nas despesas.

Ela me olhou e disse: - Não precisa nem pedir, pode ficar o tempo que precisar, você sabe que meu pai não fica aqui sempre, mas as vezes ele aparece, mas não se preocupe tudo vai dar certo tá bom?

Eu sabia que poderia contar com ela, não queria ser abusada ficaria pouco tempo, ajeitei minha mala no quarto dela, a cama dela era de casal então dormiríamos juntas, pensei em mandar uma mensagem para Lívia mas ela iria estar com Junior então melhor não atrapalhar, aproveitei o dia para procurar casas ou algo pequeno e barato para alugar, e também consultei empregos disponível no jornal.  

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