11: The Carpenters.mp3

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Por que os pássaros aparecem de repente
Toda vez que você está perto?
Assim como eu, eles querem estar
Perto de você...

Close to You, The Carpenters

[p l a y l i s t]

Changkyun nunca sequer imaginou que algum dia deixaria de prestar atenção às aulas para dedicar seu tempo a pensar em alguém; quiçá havia imaginado que infringiria as regras de seu colégio apenas para falar sobre como determinada matéria era chata. Também nunca tinha imaginado conhecer Yoo Kihyun, que se tornara tão importante para si em tão pouco tempo.

Kihyun a princípio lhe parecia carecer de um ou mais parafusos, mas Changkyun apenas percebeu que ele era apenas curioso e sociável demais. O Im agora tinha alguém para dividir suas músicas favoritas, seu gosto por coisas dos anos setenta a noventa e também seu completo desgosto por química.

E lá está ele. Digita de forma disfarçada, para que o professor não o veja. Está ansioso pela resposta do mais  velho. Gunhee, seu amigo, revira os olhos diante da expressão ansiosa e animada do Im. Cada risadinha disfarçada que Changkyun dá, resulta numa careta do companheiro de carteira.

— Bendita hora em que a Tia Im parou de te buscar na escola!— Gun fez bico. Estava chateado horas! Havia perdido seu melhor amigo para uma conversa no telefone. Era lei de causa e efeito: Changkyun agora precisa pegar um ônibus para voltar para casa, e isso o levou a conhecer o tal Kihyun e assim abandonar Gunhee.

— Uhum...

— Está vendo? Nem me escuta mais.— falou um pouco alto, mas não era culpa sua, Changkyun não prestava mais atenção em si entretanto, o professor prestava. Junpyo, que usava óculos redondos que quase caiam do rosto e sempre parecia prestes a jogar o apagador em alguém, olhou diretamente para os dois alunos sentado lado a lado.

Gun tentou cutucar discretamente o amigo, mas já era tarde demais.

— Im Changkyun, nada de telefone em sala de aula. Coloque-o sobre minha mesa, está confiscado até segunda ordem.

O Im ficou deprimido o resto da aula, com um bico enorme para acompanhar. Poxa, queria tanto continuar a conversa com Kihyun. Estavam falando sobre qual filme iriam assistir no fim de semana, e ele descobriu que o mais velho chorava assistindo os de animação e morria de medo dos de terror. Agora, estava sem seu celular, sem poder conversar com o Yoo e cheio de problemas de química para resolver.

Quando o sinal do intervalo soou, o de cabelos escuros ainda estava de mau humor. O Professor Junpyo devolveu seu celular assim que ele passou pela porta da sala de aula. No mesmo instante, os olhinhos de Changkyun brilharam só por poder voltar a falar com o Yoo.

Era uma coisa esquisita. O Im se sentia gripado quando o assunto era Kihyun. Sim, gripado. Uma sensação estranha, parecia estar com febre, as bochechas como fogueiras e um gelinho no estômago; uma molezinha sempre que ele estava bem pertinho. Gunhee dizia que isso era doença, vírus dos brabos. Se fosse doença mesmo, Chang não iria querer se livrar dela; pois seria a mesma coisa que se livrar de Yoo Kihyun, e isso ele não poderia fazer nunquinha. Era algo completamente novo e confuso lidar com tamanha avalanche de emoções. Num instante estava quietinho ouvindo Year Of The Cat e, no outro, sorrindo abobado por causa de outro garoto. Certo, Changkyun sempre acreditou que poderia gostar de qualquer pessoa, independentemente do gênero, mas junto com aquele friozinho na barriga vinha também o medo da reação de seus pais, e também a do próprio Yoo — o que só aumentava seu medo de dizer algo sobre o que sentia.

Tentava dar pequenas pistas, quase enormes spoilers de uma futura declaração, mas não parecia surtir efeito. O medo da ilusão era grande. E se Yoo Kihyun apenas fosse muito amigável?  O que diria se soubesse que Changkyun ficava que nem sorvetinho derretido suspirando pelo refeitório só de ler uma mensagem.

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