TRAFICADA : Sibel Hodge (CONCLUÍDO)

DIA 53

Ontem deixaram-me sair à rua. Não para ir às compras, conhecer a cidade ou visitar uma amiga, como a maioria das pessoas toma como garantido, mas para visitar um cliente rico. O Paul tem um apartamento caro em Londres para os clientes ricos e conduziu-me até lá no seu carro
brilhante e luxuoso. Chama a isto o “Clube dos Milionários”. Disse-me que o homem me tinha marcado para a noite inteira. Amanhã tenho que ligar ao Paul e ele
vai-me lá buscar. O apartamento parecia saído de uma revista – moderno com janelas grandes e decoração minimalista.
Era imaculado, de cromado brilhante e vidro, e esta zona de Londres parece cara e bem cuidada. É o completo oposto da casa de massagens. Fica no quinto piso do edifício e conseguia ver o enorme rio lá em baixo. Por um momento indaguei como seria atravessar o vidro e mergulhar na água. Para o nada. Tinha comigo a minha mala com as minhas roupas “sexy” lá dentro. O Paul disse-me que tinha que
estar linda para este homem, por isso penteei o cabelo até ficar brilhante como o ébano e não se notar que me está a cair às mãos cheias. Maquilhei-me para esconder as olheiras e a pele pálida. A minha pele cheirava a baunilha do perfume que o Paul me deu para usar, para que este homem não cheirasse o bolor da casa de banho onde tomo banho. Pela maneira como o Paul falava, sabia que este homem era um cliente importante e tinha que fazer um esforço especial. Esta era a primeira vez que saía sozinha desde que fui traficada e o Paul deixou bem claro o que
aconteceria à Liliana se eu fizesse algo estúpido. Quando o Paul saiu, fui até uma das casas de banho para me preparar para este homem. Disseram-me
que ele gosta de ser amarrado e chicoteado. Depois gosta de fingir uma fantasia de violação. Chegou vestido com um fato caro. Tem cabelo castanho claro e olhos azuis claros. Tem cerca de
quarenta e oito anos. Não perdeu tempo a dar-me ordens para fazer isto e aquilo: Que o despisse quando eu própria já estivesse nua, apenas com botas de cabedal pelo joelho. Que o amarrasse à cama pelas pernas e braços. Que o chicoteasse ligeiramente e lhe gritasse obscenidades. Depois, quando estava pronto, ordenou-me que o desatasse. Depois era a minha vez de ser chicoteada. Só que ele gostava de fazê-lo com mais força. Não o
suficiente para me rasgar a pele, só que agora tenho marcas doridas e vermelhas no local. Gostava de algemar os meus pulsos e tornozelos à cama e estrangular-me enquanto me violava. E foi assim a noite inteira. Uma e outra vez. Hoje não consigo falar. Tenho hematomas em volta da garganta e marcas no corpo. Às 8 da manhã o homem vestiu-se e, enquanto arranjava os botões de punho, olhou para mim. Não me viu realmente, para
ele sou apenas uma coisa. ‘Gosto de ti’, disse ele, acenando em aprovação. ‘O Paul fez uma boa escolha. Vejo-te por esta altura
para a próxima semana’. Deu-me uma gorjeta de cem libras. É óbvio que posso ficar com ela, mas vou entregá-la ao Paul para que saiba que pode confiar em
mim. O Paul ficou muito contente comigo. Demonstrou-me a sua satisfação arrancando-me as roupas mal entrei no meu quarto, na casa de massagens. Tinha um sorriso enorme e feio na cara quando viu os hematomas e marcas na minha pele branca. ‘Sim, querida. Ele gosta de ti. Vais trazer-me uma fortuna’, disse o Paul antes de me atirar para a
cama e me violar. Cerrei os olhos com força e rezei pelo fim deste pesadelo.