DIA 56

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Todas as noites tenho o mesmo pesadelo. Estou presa num caixão, enterrada viva. Consigo mesmo cheirar a turfa no chão e sentir a terra fria a penetrar-me nos ossos, por isso estou a tremer. Tenho insetos a rastejar na pele. Baratas e aranhas. Depois vêm os ratos, que me roem a pele. Quando bato na tampa de madeira, a tentar dizer a alguém que estou presa, ouço a minha mãe chamarme.
‘Elena, onde estás?’, grita. E, apesar de estar mesmo por baixo dela, a uns metros de profundidade, não me consegue ouvir. As minhas unhas arranham as paredes laterais do caixão e dou-lhe pontapés, mas não consigo sair. Depois de acordar com suores frios, sinto uma comichão incontrolável na pele e não consigo voltar a
adormecer.

TRAFICADA : Sibel Hodge  (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora