DIA 89

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Não havia mandato de busca nem brigada de polícia. Apenas apareceram dois oficiais fardados às onze da manhã, quando todos os clientes já tinham saído. O Paul estava cá quando a polícia chegou e estes alinharam todas as raparigas na área da receção.
Explicaram que receberam uma queixa anónima a dizer que algumas das raparigas eram aqui mantidas contra a sua vontade e pediram-nos a todas que confirmássemos que estávamos aqui por vontade própria. Queria morrer por dentro. Queria gritar, “SIM,” a plenos pulmões. Queria agarrar-me às pernas deles
e suplicar-lhes que me levassem. Mas o Paul estava na mesma sala. O que poderia eu dizer? O Paul estava roxo de raiva quando a polícia saiu e todas as raparigas foram pontapeadas e
esmurradas. A mim não me bateu com força porque não quer que os homens do Clube dos Milionários façam demasiadas perguntas. Mas eu sou a mais zangada e não tenho a satisfação de descarregar a minha fúria. Apenas consigo
engoli-la e exasperar. Basta de ser atriz presa num corpo de vítima. Puxo o meu cabelo até arrancá-lo à mão cheia pela raiz. Mordo a parte de dentro das bochechas até
sentir o gosto metálico do meu sangue. Roo as unhas até me doerem. A polícia sabe que isto é um bordel, portanto porque não o fecha? Cá não é ilegal? Eles querem lá
saber. Sinto-me derrotada. Será que este tormento não tem fim?

TRAFICADA : Sibel Hodge  (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora