II - A Aula de Poções

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Palmas preenchem o ambiente, enquanto a pequena garotinha ruiva saltita até a mesa da Grifinória. Jonnatha, Marcos e Allen parecem dá-la às boas-vindas, enquanto senhor Nicholas papeia satisfeito com senhorita Helena. Restara, agora, apenas um garotinho.

— Amico Carrow — chamou a Madame Flowers e enrolou o pergaminho.

O último primeiranista. Ocupara o banco por uns bons e longos segundos, até que, finalmente, o chapéu seletor o anunciara a casa de Sonserina e, aplaudindo junto aos demais, não posso evitar de lembrar-me de meu primeiro ano em Hogwarts.

"Tom Servolo Riddle" chamou-o o professor Dumbledore, e o mesmo garoto silencioso do trem se dirigiu até ele.

Mal foi preciso o chapéu tocar sua cabeça, anunciou em alto e bom tom:

"Sonserina."

Os olhos sérios do menino se encontraram com os meus por quanto ele se demorou em levantar, e, ainda, fitou-me com essa mesma amargura, até desaparecer no corredor da última mesa.

— ...Anne? ...Annellyze!

— Sim? — Volto a mim um pouco desnorteada, arrancando alguns risos debochados de minhas amigas.

— Por acaso você está em Hogwarts? Já te chamei três vezes — repreendeu-me Loreynne.

— Desculpe-me! Eu... hum... estava distraída com — tomei folego — ...que houve?

Loreynne balançou a cabeça e virou-se para a mesa principal. Madame Flowers estava a retirar o Chapéu Seletor e professor Dippet tomara a frente.

— Bem-vindos, bem-vindos, bem-vindos! — Saldou-nos o professor Dippet, os braços bem abertos e o sorriso camuflado no branco da barba desgrenhada. — Hogwarts lhes dá as boas-vindas, e eu dou-lhes também. Antes de iniciarmos o nosso banquete, eu gostaria de dizer-lhes algumas palavrinhas — pigarreou. — Assoalhado! Brejeiro! Bandalho! Arteiro! Obrigado.

Uma euforia varreu o Grande Salão. Assovios e gritos vibravam das gargantas de alunos e alguns professores e professor Dippet fez uma pequena reverência, antes de tomar seu assento. O banquete do jantar floresceu as mesas e, servindo-me de suco de abóbora, ouço Loreynne pigarrear.

— Como eu dizia, Anne — retomou ela, — eu explicava para Septima sobre a linhagem nobre do senhor e a senhora Foundric. Papai me disse uma vez que há um histórico muito longo sobre os bruxos dessa família que sempre pertenceram à casa Sonserina, como Alexandra.

Lore, indo direto à sobremesa, serviu-se de pudim de carne e rins, e moveu a sobrancelha sutilmente. Eu me viro sobre os ombros, os olhos infiltrando à mesa da Sonserina — que ficava depois da mesa da Grifinória — e lá estava ela. Olhos azuis — claros como um cristal — e cabelos loiros oxigenados. Não consegui enxergar suas sobrancelhas, mas a testa enrugada indicava que estavam franzidas. Ao seu lado, porém, lá está ele: seus olhos escuros em perfeito contato com os meus.

Não posso livrar-me do transe que toma posse do meu corpo e, outra vez, minha atenção se perdeu. Por que me encarava desta forma? Estaria sua mente ardilosa caçoando de mim? Eu arfo.

— Annellyze! — meu tronco virou-se bruscamente.

— Sim! —, respondo precipitadamente e engulo seco. — Conheço brevemente o histórico. Na verdade, antes de eu entrar em Hogwarts, devemos ter passado um ou outro natal juntas — dou de ombros. — Papai, antes do Departamento de Mistérios, trabalhou na Execução das Leis da Magia com o senhor Foundric.

— São uma família muito orgulhosa, não são? — Minhas sobrancelhas se franzem e eu aceno com a cabeça.

Loreynne sorriu maliciosamente e debruçou-se na mesa, os dedos entrelaçados e a postura de uma rigorosa educadora.

Hogwarts Myster - o Herdeiro de Slytherin Vol. 01Onde histórias criam vida. Descubra agora