Os olhos acinzentados fitavam-me sérios, porém, hesitantes. Ele ri soprado, contornando a escrivaninha, e apoia-se ao encosto da poltrona. Os lábios ameaçam sorrir, mas eu presumo que era um riso de frustração. Estes olhos que igualmente o encaram, mal percebo encarar, pois minha mente está longe, no entanto. Distraída com coisas que não deveriam mais me distrair.
— Certo, senhorita Antares! Presumo que tenha acabado!
Desperto em um solavanco e meu cotovelo desliza a mesa, quase fazendo-me cair contra esta. O pergaminho aberto em minha mesa, porém, permanecia intocado. Meus lábios se entreabrem, e minha garganta produz um ruído agudo e baixo. Se, em algum momento, eu tive uma chance de fingir que estava prestando atenção, esta acabara de me escapar.
Tento manter-me presente na reunião de monitores, mas, sinceramente, não há nada que eu consiga pensar para melhorar o empenho e a segurança dos alunos. Não nestes tempos.
Pés cansados e pesados de professores e alunos marcham sentido à porta, quando a voz gentil de professor Scales faz-me parar:
— Senhorita Antares, — sibila ele, — poderíamos falar?
Riddle passa por mim com uma pequena curvatura denunciando um riso em seus lábios. Por cima dos ombros, lá está, sentado à escrivaninha, com as sobrancelhas franzidas em minha direção. A varinha toca o apagador e este se encaminha até a lousa para apagá-la. Os pequenos pés de uma cadeira rangem contra o chão, e esta se dirige até a frente de sua mesa, onde presumo que eu deva me sentar.
— Percebo que está bem dispersa essa semana. São meses difíceis, não são?
— Eu sinto muito! Acho que não tenho dormido bem! — Expliquei.
— Eu presumo! — Diz.
Mordo o lábio inferior e, inevitavelmente, viro-me para o lado oposto. Dou de frente com as grandes janelas, que apontam a floresta florescendo do lado oposto ao vilarejo. Eu suspiro. As trepadeiras já deviam ter despertado suas flores de cores fortes, que cresciam rodeando as grandes torres de Hogwarts, mas a vista da janela, era o mais próximo que chegaríamos de ver este ano.
Problemas e mais problemas na ala hospitalar impediam Madame Vitally de se reunir conosco em dias como este, por tal, professor Scales, antigo formado de Ravenclaw, há tomado o seu lugar, semanas atrás, como representante da casa.
— Não há mesmo nenhuma forma de —, mordi o lábio inferior — ...quebrar esse feitiço?
Houve hesitação por alguns longuíssimos segundos, todavia, professor Scales debruçou-se à mesa e pronunciou em tom baixo:
— Madame Flowers, Madame Pince e Madame Vitally têm pesquisado muito sobre o assunto, senhorita Antares. Acredito que tenham encontrado uma possível solução.
— O que seria?
— Uma poção de mandrágoras. As plantas devem chegar em poucos dias, porém, são necessários alguns meses para elas crescerem.
— É garantia?
— Não, não é! — Eu arquejo. — Mas há esperança. — Reconfortou-me.
Meus lábios se franzem em um riso fechado e não muito convincente, contudo, penso comigo que deveria bem me apegar à esta tal de esperança, e crer nela com todas as minhas forças.
— Se lhe conforta, a situação não é muito diferente deste lado. — Retomou ele. — Nós, professores, também estamos confinados.
Minhas sobrancelhas arquearam por um segundo, antes de se franzirem no meio da testa.
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Hogwarts Myster - o Herdeiro de Slytherin Vol. 01
FanfictionAnnellyze nunca havia ouvido falar em uma câmara secreta até o momento em que encontrou o PRIMEIRO ALUNO imoto. Aparentava um transe compulsivo pela fenestra escura que espelhava seus olhos esbugalhados e mofinos. Depois de cinco anos pacatos em Hog...