VI - Sob os Olhos do Oráculo

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Era quase meia-noite e eu estava deitada de bruços na cama, as cobertas puxadas por cima da cabeça como uma barraca, os cabelos alvoroçados, a varinha em uma das mãos sustentando o feitiço Lumos e, aberto na outra, afoitado pela ponta da varinha, o diário ainda na segunda página. Assim que Guilia saíra do banho, mais cedo, veio logo dobrar-se para saber o que estava lendo. Fugi de seus olhos correndo para o banheiro, e tive de levar o diário comigo para ter certeza de que nenhuma das meninas mexeriam. Quando saí, estavam ambas — Loreynne e Guilia — sentadas em minha cama com olhares muito desconfiados. "Mostre-nos o que está escondendo aí", insistiu Loreynne, e Septima entrando furiosa depois de uma discussão com Guk foi o que me tirou de foco.

O último bocejo incutiu uma comichão em meus olhos que, embaçados, já não me permitiam continuar a ler. A varinha se apagou sorrateiramente e o pescoço pesou, inclinando-me para o travesseiro, então soltou o peso de vez. Com certa dificuldade fechei o diário e guardei-o na gaveta do criado-mudo, junto da varinha e o odioso elástico que estava usando para prender os cabelos. Pisquei os olhos lacrimejantes e enxerguei, na penumbra, as três dormindo tranquilas e silenciosas. A noite estava muito clara e a meia-lua crescia cercada de muitas pequeninas estrelas. Adormeci furtivamente ainda fitando o céu.


Àquela manhã, o relógio parecera notoriamente apressado. Disparamos o corredor até as escadas, direto para a torre da Corvinal em um pé e descemos no outro, correndo para a sala de poções. Um breve minuto no renque e estamos no lado de dentro. Mal Septima tomou o lugar ao meu lado, professor Slughorn entrou fechando a porta.

— Bom dia — saldou-nos. — Continuemos da página dez: Poção Anti-paixão, de Guilherme Marques. Alguém sabe a classificação dessa poção?

Cerca de dez braços se ergueram junto ao meu, eprofessor Slughorn sorriu satisfeito.

— Senhor Riddle?

— É um antídoto, senhor, para a Poção do Amor Simples.

— Coerentemente!

Tom estava sério e de braços cruzados, duas mesas atrás e uma dupla ao lado. Debruçada sobre ele, Malwina, enquanto Alexandra juntara dupla com Lavigna. Seu diário, entretanto, esquecido na gaveta do meu criado-mudo.

— ...o único capaz de interromper seu efeito antes das vinte e quatro horas — continuou o professor. — Alguém sabe o interesse do alquimista Guilherme Marques quando a criou?

Ergo o braço novamente e, desta vez, poucos o seguem.

— Certo... — pareceu remediar. — Senhorita Antares?

— Guilherme Marques se casou por um voto perpétuo com uma mulher que não amava, por causa de uma Poção do Amor Simples. Foi esse o seu pontapé para iniciar a pesquisa, para que outros bruxos não sofressem o mesmo mal que ele.

— Correto! — disse e abriu seu livro. — Os ingredientes estão todos em algum lugar do armário, junto com vários outros ingredientes padrões e que muito vão lhes atrapalhar. Procurem bem e tenham certeza do que estão selecionando. Há água fresca nos jarros desta mesa, e apenas três balanças para todos dividirem. Vocês terão o restante da aula para a fabricação da poção. A melhor delas receberá cinquenta pontos de hoje e mais cinquenta pontos pendentes da Poção do Amor Simples. Sim, senhor Avery?

— Isso é algum tipo de teste? — Perguntou e abaixou o braço.

— Para falar a verdade, sim, é — disse com entusiasmo. — Uma poção tão simples como esta... bem! Vamos ver como se saem tendo que selecionar seus próprios ingredientes, e mais! Vão ter de avaliar se estão maduros, passados ou ao ponto para uma perfeita poção. Podem começar!

Hogwarts Myster - o Herdeiro de Slytherin Vol. 01Onde histórias criam vida. Descubra agora