XV - O Último Sangue-Ruim

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Jonnatha! — Chamei-o assim que o avistei deixando a sala de adivinhações.

— Anne! — Virou-se sobre os ombros.

Apertei os passos, quase correndo para o alcançar. Havia acabado de sair da aula de herbologia, e já estava com o tema do último trabalho, antes do início das provas finais: Salgueiro Lutador. Uma árvore muito rara e, também, perigosa. Vovó já havia me contado histórias da Albânia, de um castelo de pedra, protegido por um destes. Até agora, eu pensava que era apenas isto: histórias.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntou-me, guiando uma das mãos até o meu rosto e ajeitando os cabelos para trás da tiara.

Um pouco incômoda, temendo que a breve corrida me tenha descabelado, repito esta ação, assim que suas mãos se afastam. Jonnatha franze o cenho. Eu temo tê-lo ofendido.

— Poderia me emprestar o livro Habitantes Medonhos das Profundezas? Madame Pince disse que você o pegou já tem quase um mês. — Sorrio, tentando desculpar-me pelo pequeno ocorrido.

Ao contrário do que pensei, Jonnatha estava imaleável. Os olhos carregavam uma seriedade que, sinceramente, pensei que ele não possuísse. Mal me viu sorrir. Está concentrado em minha mão. Talvez, eu realmente houvesse sido rude sem querer. Estou cogitando pedir-lhe desculpas, quando ele se estica até mim, pegando minha mão com uma das suas e, sutilmente, afasta a manga da túnica com a outra. Seus olhos me têm, agora, preocupados.

— Não foi nada! — Justifico, apressadamente.

— Nada? — Indagou. — Isso está horrível! — Retiro, da forma mais delicada que posso, minha mão da sua e abaixo o braço para esconder o roxeado. — De onde é isso? Foi quando te congelaram?

— É, foi! — Minto, virando o rosto. — Mas vai já melhorar!

— Nós deveríamos procurar quem fez isso! Já são muitas coisas acontecendo sem punição!

— Jonnatha, o livro! — Mudo o assunto. — Falávamos do livro, lembra-se?

Inclino o rosto na sua direção e, pouco-a-pouco, sua expressão suaviza. Ele suspira, antes de acenar com a cabeça.

— Tá bem! É o livro, então? — Eu assenti. Jonnatha sorri fechado. — Pensei que este livro idiota poderia me ajudar com o trabalho do professor Lencaster, mas... — bufou. — Eu estava errado! — Lamentou-se.

— E quanto tirou?

— Um C, Anne! ...Dá para acreditar? — Eu mordo o lábio e espremo os olhos. Ele ri, nervosamente.

— Olhe pelo lado bom: ao menos, você pode recuperar com as provas!

— Annellyze, você não está me ajudando! — Eu gargalhei fraquinho e Jonnatha sorriu para mim, antes de guiar, novamente, uma de suas mãos até o meu pulso machucado. Eu encolho o braço, tirando-o de seu alcance.

Um incômodo silêncio se instalou no corredor, sobre nós. Eu não voltaria a este assunto. Ardia-me os nervos de raiva. Eu desvio os olhos para as janelas, matando os segundos observando o gramado verde e radiante do lado de fora e, vencido, Jonnatha faz o mesmo.

— A primavera, esse ano, parece mais bonita... — diz ele.

— Também notei.

— Olha — tomou fôlego — ... eu devo tê-lo deixado junto com o meu material, em cima da cama, mas posso te entregar o livro na hora do jantar.

— Sim, tudo bem!

— Certo! — Suspirou, abaixando a cabeça. — Você, ahn... está indo... nesta direção? — Apontou, ele, o corredor. Eu aceno com a cabeça.

Hogwarts Myster - o Herdeiro de Slytherin Vol. 01Onde histórias criam vida. Descubra agora