VII - A Festa do Clube do Slugue

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Desci as escadas de corda, depois a circular. As pernas bambeando e a cabeça borbulhando sobre o ocorrido. Cassandra havia acabado de fazer uma predição. Uma de verdade! Isso, ou essa seria sua ideia maluca de castigo por eu ter dormido na aula.

As pessoas cruzavam o corredor por mim, rindo e brincando, a caminho dos jardins para aproveitar o famigerado final de semana. Tudo o que eu pensava, porém, era as palavras de Trelawney ecoando com aquela voz distorcida e escarpada. Minhas pernas frearam de repente e apoiei-me nas molduras da parede para tomar fôlego, a outra mão estatelada à testa. A cabeça latejou por um momento.

— Perigo através das paredes... — penso alto.

Viro-me para encarar a alvenaria, o rosto tão perto que quase consigo discernir o cheiro do concreto. Que isso queria dizer, afinal?

— Mas, hein? — Disse uma voz esganiçada vinda da parede.

Um olho flutuante se abriu diante dos meus, assustando-me. Cambaleio para trás e um rosto gordo, colorido e transparente tomou forma ao redor desse olho. A boca desproporcional, grande, curvada para baixo com desdém.

— Oh, alô, Pirraça! Uma bela tarde, não?

— Bela... até trombar com sua desagradável pessoa — disse arrastado e muito mal-humorado. Meus lábios crisparam.

— Eu não esperava encontrar com você também.

Pirraça resmungou como uma porta velha.

— Mas... que é que está fazendo por aqui, Antares-Cabeça-De-Palha? Perdeu-se de suas amigas chatinhas, ou elas te deixaram para trás de novo?

Minhas bochechas inflaram de ar, e eu expiro pelas narinas.

— Eu só vim ver a professora Trelawney.

— Trelawney-Maluca! Se não se cuidar, vai acabar igualzinha a ela — disse recuperando o ânimo e começou a girar ao meu redor. Sentia-me enjoando, quando ele finalmente parou. — Só vai lhe faltar o turbante. Arranjo um para você.

— Não, Pirraça, eu não o quero. — Não pude conter a repulsa na voz. Pirraça gargalhou estrepitosamente, as mãos apoiando a barriga gorducha.

— Oh, senhorita Antares!

Pirraça espiou sobre o ombro e, eu, através de seu corpo transparente e fosco. Professor Slughorn surgira detrás da coluna que vedava a curva no corredor. Pirraça engoliu o riso e escapuliu pelos ares no instante seguinte.

— Que feliz coincidência, exatamente a pessoa que eu queria ver — cumprimentou-me o professor cordialmente, as mãos na cintura sem forma e a barriga empinada. — Eu estava na esperança de encontrá-la na saída do quadribol, mas... não a vi?

— Eu tive de me encontrar com a professora Trelawney, senhor, então saí bem depressa.

— Oh, sim! Grande jogo, não acha?

— A Grifinória montou um ótimo time, senhor.

— De fato! — Concordou o vozeirão ecoando através das paredes. — Vamos dar uma festinha amanhã à noite. Uma despedida antes das férias de Natal, com uma meia dúzia de meus astros e estrelas em ascensão. Estarão lá o Malfoy, os Black e, claro, o senhor Riddle. Preciso ir à procura de sua monitora, a senhorita Abbot, e tenho a esperança de a encontrar junto à prima Augusta. Então... o que me diz?

Meus lábios se franziram.

— Adianto-lhe que não irei aceitar facilmente uma resposta negativa dessa vez.

Eu sorrio fechado. Tento ao menos.

Tom esteve me evitando todos esses dias; mal tive uma chance de me aproximar. Pudera estar ele desfastio na tal festa, e talvez fosse a minha única chance de tentar me desculpar antes do natal, penso eu.

Hogwarts Myster - o Herdeiro de Slytherin Vol. 01Onde histórias criam vida. Descubra agora