- O que vocês querem? - aperto fortemente a alça da bolsa até me encostar na parede logo a baixo.
- segurem ela - disse Guilherme dando um sinal de ordem aos meninos do lado.
- O que? - arqueio a sobrancelha. Eduardo e Otávio me seguraram em cada lado do meu braço me levando até um dos vasos sanitários.
Os mesmos me forçaram a sentar no chão, coloquei minhas mãos sobre a privada segurando o máximo que conseguia, suplicando para que eles parassem de tentar fazer o que estavam prestes a fazer.
Eram muito mais do que eu conseguia, Guilherme apertou a descarga e logo me dei de cara com água. E foi assim três vezes seguidas, tossi tentando recuperar o fôlego, os três rapazes já não se encontravam mais ali, chorei por alguns minutos, aquilo me doía, eu não sabia o que fazer sempre que isso acontecia.
Sequei meu rosto e fui embora.
Ao chegar em casa, Jeferson estava no sofá da sala.
- Porque voltou cedo? - Ele diz já cruzando os braços e se encostando na parede do corredor entre a sala e a porta.
-Tive aula vaga, acho que os professores entraram em greve de novo, não tenho certeza - Digo ainda na porta.
- Sei, vai logo pro quarto.
- Tá bom - Digo com a voz trêmula, vou correndo para meu quarto, assim que entro tranco a porta na mesma hora.
Largo minhas coisas no chão e deito direto na minha cama, eu não tinha nada pra fazer, eu não tinha celular, computador, urso ou qualquer coisa pra me distrair. Apenas fiquei deitada na cama abraçada com meu travesseiro olhando pro teto. Percebi que a vizinha do lado estava escutando música, eram músicas doidas tudo internacional.
Começa tocar uma musica lenta e calma, servia pra relaxar, vou até a janela do meu quarto que era trancado com cadeado eu não tinha visão da paisagem do meu quarto apenas podia escutar barulhos dos automóveis que passava pela rua de casa ou musicas altas que os vizinhos colocavam em suas casas.
Desde então, aquela música que estava tocando eu não entendia nada, mas aquilo estava me emocionando, logo senti meu rosto ficar molhado pelas lágrimas que descia ali.
- Porque toda hora eu tenho que chorar? Por que toda hora eu tenho que ser fraca? Porque eu não posso ser forte nem pra ouvir uma música que nem mesmo eu entendo - Digo chorando mais ainda.
Às vezes me cortar, me ajuda muito a relaxar e faz da aquela raiva e mágoa passar. Quando percebi que já havia feito, era tarde demais.
Volto para a cama. Ao me deitar, Jeferson me chama para almoçar e antes mesmo que ele viesse até o quarto desci o mais rápido possível.
Vou direto à cozinha e vejo que ele está sentado almoçando silenciosamente. Me sento e começo a me servir, começo a comer, tudo ainda está quieto, ele nem se quer está olhando para mim.
- Perdeu alguma coisa na minha cara? - Ele diz levando seus olhos a mim, e naquele momento passei a encarar ele.
- Não! Eu nem estava olhando pra você. - Digo com cabeça baixa.
Ele solta um " Hrum " já se levantando indo direto à pia.
Como eu não havia pegado muita comida, basicamente engoli o que estava no prato e me levantei na direção da louça para deixar o mesmo lá. No mesmo instante eu acabo derrubando um vaso de barro de Jeferson, não era um vaso qualquer, ele tinha um amor por aquele vaso que eu não saberia como descreve.
Olhei para o mesmo e seus olhos de fúria caiam sobre mim - Jeferson me desculpa, foi sem querer...- era tarde de mais para explicar ou me desculpar, Jeferson havia me pegado pelos cabelos me levanto até meu quarto, me caio sobre a cama já com lágrimas no olhos, estava com medo, assustada e queria pedir ajuda como todas as outras vezes.
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Um dia após o outro (EM CORREÇÃO)
Mister / ThrillerEM CORREÇÃO, CORRE RISCO DE ALTERAÇÃO. Uma jovem de apenas 16 anos que passa por problemas físicos e emocionais. Sua vida mudou por completo quando sua mãe passou a ter um novo relacionamento, mas se tornou um inferno quando a mesma morreu. A garota...