O Garoto Que Me Notou (Concluído)

Descoberta

"A gente espera de tudo do ser humano, e eles ainda são capazes de nos surpreender."

— Autor desconhecido.

Téo

Estava tentando dormir, mas não conseguia, as mensagens do Ben não saiam da minha mente.

Ainda tinha o número da Mirella salvo, então resolvi ligar para ela.

— Mirela?

— Oi Téo, que grande surpresa, finalmente lembrou que tinha o meu número.

— Já sei que arrumou um barraco com a Gaby, por eu ter me aproximado dela.

— Não quero que a minha amiga sofra o mesmo que eu.

— Sabe muito bem, que esse não é todo o lado da história, mas se te liguei não era para falar sobre o nosso passado.

— O que então?

— Gosto da Gaby e a chamei para o baile, espero que não atrapalhe.

— Não irei atrapalhar, mas não magoe, sabe que garotas como ela tem a saúde mental frágil.

— Não farei isso, não se preocupe.

A ligação acabou caindo, tentei ligar novamente, mas não deu certo, talvez o celular dela possa ter acabado a bateria ou tenha bloqueado o meu número.

Resolvi ignorar, me levantei da cama e passei pelo quarto dos meus pais que estava com a porta aberta, me surpreendi ao ver a minha mãe chorando.

— Mãe — a chamei.

Quando notou a minha presença, começou a secar as lágrimas rapidamente, dando um lindo sorriso para disfarçar.

Entro no quarto e me sento na sua cama, bem ao lado dela.

— Eu ouvi as discussões de vocês mais cedo — revelei.

— Não era para você ter ouvido isso, filho — falou, passando as mãos nos meus cabelos.

— Mãe, eu não sou mais nenhuma criança, então me conta o que anda acontecendo — peço.

— Seu pai quer mexer no testamento — contou.

— Como assim? Porque? — perguntei confuso.

— Você tem uma meia irmã — respondeu.

— O que? Como assim? Desde de quando? — pergunto assustado.

— Ainda não sei direito, o seu pai está investigando essa suposição — respondeu.

— Então, ele te traiu, mãe? — perguntei irritado.

Se o meu pai fizer isso com ela, não irei perdoá-lo, afinal um homem de verdade não trai a esposa que é mãe do seu único filho.

— Não — negou — Na época que eu descobri que estava grávida de você, eu e o seu pai não estávamos mais juntos, eu ia me mudar para morar no Brasil, havia conseguido um trabalho de modelo numa marca famosa — explicou.

— Pensei que a senhora sempre quis ser uma cardiologista — falei, confuso com a informação que tinha acabado de descobrir.

— Fiz esse curso por exigência da sua avó, mas a verdade é que eu sempre quis ser modelo — desabafou.

— A senhora se arrepende de algo? — perguntei curioso.

— Não, filho — negou — Eu fui modelo durante alguns meses, nesse período o seu pai se envolveu com outra mulher e ela teve uma filha — contou.

— Sério? Ela veio atrás de dinheiro? — perguntei.

— Ela morreu faz 17 anos, a avó dela estava num asilo e acabou ligando contando tudo que aconteceu, a senhora estava muito arrependida por ter guardado esse segredo por tanto tempo — respondeu.

— Não me importo de mudar o testamento, se ela for filha dele, tem os mesmo direitos que eu — falei, abraçando a minha mãe.

— Você é um ótimo garoto, filho — falou, dando um beijo na minha bochecha.

— Obrigada, mãe — agradeci, sorrindo para ela.

Algumas perguntas vieram na minha mente '' Quem será que é essa minha irmã?'' ''Será que estuda no mesmo colégio do que eu?''

Mirela

Estava morrendo de raiva da Gaby, porque o Téo foi notar justo aquela maldita gorda sem sal e sem graça?

Tinha acabado de chegar em casa e fui direto para o meu quarto, tudo que estava na frente do espelho, joguei no chão e gritei irritada.

Até que parei na frente do grande espelho que tinha na frente do meu quarto e vi a expressão chorosa que estava.

Meu celular tocou, vi que era um número que eu não conhecia, resolvi atender o Téo, falei um pouco com ele e pude perceber que ele realmente estava gostando dela.

Então eu ia voltar às boas com a Gaby e ia fazer de tudo para ela se afastar dele e tentar conquistá-lo.

Mandei uma mensagem para Gaby, pedindo desculpas e a chamei para ir à loja comigo para podermos comprar o vestido para o baile.

Precisava urgentemente arrumar um par para ir comigo ou até mesmo fazer o Téo me acompanhar.