Capítulo 26 - Victoria

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— O que realmente aconteceu? — pergunta após nos afastarmos — Não estou perguntando como psicóloga, e sim como uma amiga

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— O que realmente aconteceu? — pergunta após nos afastarmos — Não estou perguntando como psicóloga, e sim como uma amiga.

— Foi tudo muito rápido Alyssa, eu estava na sala conversando com a Clarissa, irmã do Daniel, quando entrou na sala um grupo que vem me humilhando desde que eu comecei a estudar naquela escola, eles sempre falavam coisas ruins para mim que me deixavam horrível. Hoje não foi diferente, quando me viram com roupas novas começaram a debochar que não era uma roupa que mudaria o que sou, para eles eu sempre seria a mendiga — conto amargamente — Isso doeu tanto, que eu sai da sala correndo até o banheiro, estava tudo bem, mas uma menina entrou e começou a dizer palavras horríveis para mim, apertou meu braço e depois me jogou no chão, quando menos esperei ela pisou no meu braço com o salto da sandália que usava — solto o ar lentamente tentando controlar minha emoção — A irmã do Daniel apareceu junto com uma professora, essa menina foi levada para a diretoria, naquele momento tudo que eu queria era ficar sozinha, Clarissa aceitou esse meu momento. Só que quando eu fiquei sozinha Alyssa, tudo se tornou sufocante, comecei a delirar achando que meu reflexo estava falando comigo, quebrei o espelho do banheiro, por isso os cortes nas minhas mãos, só que isso não foi suficiente, a dor estava demais... — minha voz trava.

— Calma querida, estou aqui — sinto um toque em meu braço, a sensação de segurança vem a seguir me trazendo forças para continuar.

— Eu queria me cortar, cheguei a pegar um pedaço grande do espelho, estava quase o encostando em meu braço quando ele apareceu — sorrio em meio às lágrimas — Meu anjo, Daniel.

— Ele te ajudou filha? — sua voz se torna trêmula.

— Muito, ficou repetindo o quanto eu era forte, e que sempre estaria do meu lado — encontro seu olhar emocionado — Ele me faz tão bem, nunca me senti assim. Nesse tempo que estou morando com ele e sua família me sinto em casa, protegida.

— Você já pensou que aquelas pessoas que você morava antes podem não ser seus pais? — pergunta com dificuldade.

— Todos os dias — dou um sorriso triste — Mas como eu iria parar com eles não é mesmo? A não ser que meus pais verdadeiros não me queriam — respondo com pesar e sinto uma dor em peito.

— Não fale isso — diz com seriedade e me assusto por um momento — Me desculpa.

— Você está bem? — pergunto preocupada ao ver o quão abalada ela está.

— Não, não estou Victoria — confessa.

— Esse é o momento que você irá se desabafar comigo? — me lembro da nossa consulta de ontem quando lhe fiz essa pergunta e a mesma respondeu que talvez um dia ela iria.

— Sim, preciso conversar com alguém — seus lábios se curvam em um sorriso triste.

— Estou aqui — pego sua mão dando um leve aperto.

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